Quatro iniciativas de turismo em territórios indígenas (TIs) de Mato Grosso foram consultadas para o “Diagnóstico do Etnoturismo na Amazônia Legal”, lançado pelo ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, no início deste mês, na terra indígena Katukina Kaxinawá, em Feijó, no Acre. A pesquisa, realizada entre outubro e novembro deste ano, serviu de base para elaboração de um guia de boas práticas, destinado a prestadores de serviços e comunidades indígenas que desejam investir em projetos dessa natureza, contendo estratégias para geração de emprego, renda, sustentabilidade e conservação cultural.
Uma iniciativa participante do diagnóstico foi a do “Turismo de Pesca Esportiva”, promovido por uma pousada localizada às margens do rio Teles Pires, dentro da terra indígena Kayabi, entre Alta Floresta e Apiacás, a cerca de 490 km de Sinop. As outras três mato-grossenses são de turismo de base comunitária (TBC), geridas pelos próprios indígenas, em aldeias dos povos Kisêdje, Afukuri e Umathali, no Parque Indígena do Xingu. Completando a lista de 14 ações pesquisadas, estão iniciativas do Amazonas, Pará, Roraima e Acre.
O documento revelou dados de comunicação, acesso e infraestrutura que ajudam a compreender melhor a estrutura desses lugares como, por exemplo, que apenas 35% das iniciativas tem aeroportos a menos de 50 km das TIs, 86% já possuem acesso parcial ou integral à internet e 33% são acessíveis apenas por rios. Em relação à experiência dos turistas, destaca-se o intercâmbio cultural promovido pelos guias, no qual os visitantes conhecem o modo de vida e os costumes locais, que foi considerado de “muito bom” a “excelente”.
“Esse diagnóstico é o primeiro passo para estruturar programas e políticas públicas de sociobioeconomia na área de serviços, em especial no turismo de base comunitária”, argumenta João Francisco Araújo, coordenador geral do ministério, para a agência de notícias do governo.
Desde 2015, o turismo em TIs está regulamentado pela Funai e, de acordo com a publicação, “para ocorrer, precisa seguir uma série de recomendações, a principal delas é o planejamento da atividade através da construção participativa de um plano de visitação”.
O relatório ainda recomenda, para Mato Grosso, potenciais melhorias sistêmicas como o “fortalecimento dos acordos locais e incentivo aos roteiros de etnoturismo de forma ordenada minimizando impactos socioambientais” e a “avaliação da efetiva participação das comunidades indígenas”.
Tanto o diagnóstico como o guia de boas práticas estão disponíveis para consulta no portal do MDIC, dentro do site do governo federal.
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