O Natal na casa do jardineiro Edson dos Reis, de 51 anos, começa em outubro, desde 2017, quando ele e a família se unem para pedir doações de brinquedos, guloseimas e cestas básicas à comunidade e aos empresários sinopenses. Em dezembro, ele veste sua fantasia de Papai Noel, sobe no seu trenó improvisado e visita bairros carentes, entregando as doações. Neste ano, o ritual se repetirá no próximo domingo (22), quando passeará pelas ruas dos bairros Jardim Viena e Cidade Alta, entregando presentes e tornando um pouco mais feliz o fim de ano de várias crianças.
A atitude filantrópica do “Papai Noel nas horas vagas”, como o próprio Edson se define, tem raízes na sua infância no Paraná, quando seu avô e seu pai se vestiam de bom velhinho nas festas de família. “Antigamente tinha Papai Noel por tudo, mas tá acabando, a gente não tá vendo mais, aí eu pensei que não pode parar. Comecei a arrecadar uma coisa aqui, uma bala ali, os outros começaram a me ajudar e eu comecei a me animar. Os brinquedos, a cada ano que passa, eu consigo mais”, relembra. O que começou como uma ação particular acabou contagiando toda a família e, nesse ano, o neto de 12 anos de Edson vai se vestir de Papai Noel e ajudar nas entregas, continuando a tradição.
A esposa de Edson, Neusa Flauzino, também participa dessa corrente do bem. “É um sentimento de gratidão, é um sentimento muito bom, você chora, você ri, você se emociona, é um trabalho lindo”, afirma Neusa. Nesses vários anos de voluntariado, uma cena chamou a atenção da mulher, e ajudou a dar uma guinada no projeto, que até então arrecadava apenas brinquedos e doces. “Uns anos atrás, o que me chamou muita atenção, no bairro que a gente foi (região das vilas), foi que as crianças queriam trocar o brinquedo bonito por algo de comer, para você ter ideia de quanto as crianças lá estavam com fome, foi então que a gente decidiu arrecadar cestas básicas também”, conta.
O projeto de família alcança a cada ano uma rede maior de voluntários. Neste ano, por exemplo, pela quinta vez, uma escola particular da cidade doará brinquedos com dinheiro arrecadado com o trabalho dos próprios alunos, que vivem uma situação bem diferente das crianças atendidas pelo projeto. No colégio, durante o ano, os pequenos cultivam uma horta, cuidam de animais pequenos, como porquinhos-da-índia, para produzir adubo, e vendem hortaliças, sal temperado, alimentos em conserva e sucos para os pais, em uma “feirinha”. Neste ano, foram arrecadados R$ 4,2 mil. Com o montante, a escola doará 350 brinquedos para Edson, e mais 70 serão doados pelos pais de alunos.
“Para nós, é sempre gratificante saber que o Edson se dispõe a fazer esse serviço pela comunidade. E, para nossos alunos também porque, querendo ou não, é fruto do trabalho deles, gerando algo pro próximo, que é algo que está faltando tanto na humanidade: fazer o bem para o outro, sem nem mesmo conhecê-lo”, avalia Cristiani Heissler, diretora da escola.
Neste ano, o “papai-noel-jardineiro” já arrecadou 700 brinquedos até o momento e espera respostas de empresas privadas que prometeram ajudá-lo com doações de cesta básica. “A gente anda muito na cidade, vê a situação do povo. Hoje está muito difícil as coisas. Fico feliz de ver a alegria de tantas crianças que a gente consegue um brinquedo, um pacotinho de doce”, afirma.
Empresas e pessoas da comunidade que quiserem ajudar doando presentes, doces ou cestas básicas, podem entrar em contato pelo telefone (66) 99918-0046.
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