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Estudo de professor da Unemat aponta que horário de verão aumenta número de mortes por infarto em 8,5%

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Artigo publicado pelo professor Weily Toro Machado, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), ganhou repercussão internacional. O primeiro capítulo de sua tese de doutorado, com o título ‘Daylight Saving Time and incidence of Myocardial Infarction: Evidence from a regression discontinuity design’ foi publicado na Revista Economics Letters, considerada uma das 50 revistas mais importantes de economia no mundo pelo site americano Ideas e classificada no Qualis/Capes como A1 nas áreas de Administração, Ciências Contábeis e Turismo. Criada em 1978, a Economics Letters já publicou artigos de mais de 10 prêmios Nobel de Economia.

O artigo de autoria do professor Weily Toro e dos coautores Robson Tigre e Breno Sampaio, que foi citado pelo Jornal Britânico Mail Online News, afirma que existem fortes evidências de que o horário de verão aumenta o número de mortes por infarto em 8,5% nas primeiras semanas e que a incidência maior é entre as pessoas com mais de 60 anos de idade. “Num período de sete dias haveria 197 mortes a mais, no Brasil, nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste”, afirmou Weily Toro.

Segundo o professor a explicação estaria na mudança imposta pelo Horário de Verão quando as pessoas passam a dormir uma hora a menos nas primeiras semanas. Isso provoca uma alteração no ‘relógio biológico’ dos indivíduos. “Usando dados diários para o Brasil analisamos os efeitos da privação do sono sobre a incidência das mortes provocadas pelo Infarto Agudo do Miocárdio. Encontramos evidências robustas significativas que aumenta essas mortes em torno de 8,5% nos Estados que adotam a política do horário de verão, e nenhuma significância estatística entre os Estados que não praticam”, explicou Weily Toro que considerou em sua pesquisa os horários de verão entre os anos de 2007 e 2012 em todos os estados das três regiões brasileiras que o adotam.

Como forma de checar a robustez do resultado, a pesquisa constatou que o mesmo fenômeno não ocorre ao final do horário de verão e nem em semanas que antecedem seu início.

A área de estudo Econometria proposta pelo doutorado da UFPE aborda, entre outras questões, as influências de políticas públicas na Economia. “O Método Econométrico utilizado permitiu comparar duas semana antes e após o início do horário de verão, demonstrando o efeito causal da política”, explica Weily Toro.

“O horário de verão é um bom experimento natural para analisar impactos no cotidiano das pessoas, pelo caráter exógeno que tem em nossas vidas. No caso especifico do infarto, utilizamos o método Regression Discontinuity Design, mais preciso e adequado para este tipo pesquisa, especialmente por levar em conta tendências temporais e variações da taxa de infarto entre os dias da semana” afirma o professor Breno Sampaio.

Foram coletados dados diários de mortes provocadas por Infarto para cada Estado brasileiro, no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil, SIM/DATASUS.

Segundo o pesquisador Robson Tigre mais de 70 países no mundo utilizam o horário de verão com o intuito de redução de consumo de energia elétrica, afetando mais de 1,5 bilhão de pessoas. “Esta pesquisa é inédita para o Brasil e a primeira a usar essa metodologia que permite identificar a causalidade”, afirma Robson.

No entanto, Weily Toro, lembra que já existem estudos que comprovam que o horário de verão não reduz o consumo de energia elétrica, como pretendido pelos governos e que o horário de verão no Brasil recomeça mês que vem, quando no dia 17 de outubro, os habitantes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, deverão adiantar seus relógios em uma hora, sofrendo o impacto dessa mudança.

A pretensão do professor Weily Toro com a divulgação de seu trabalho é contribuir para as discussões do tema que é muito controverso e debatido no Brasil e no mundo. “O custo social desse aumento pode representar em um período de 10 anos algo em torno de 7,9 a 19,6 bilhões de dólares”, citou o pesquisador referindo-se ao valor que estes indivíduos gerariam de renda ao longo de sua estimativa de vida.

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