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Estudo inédito de professora da Unemat mostra importância da saúde bucal para evitar agravamento da hanseníase

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A professora e coordenadora do curso de Medicina da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Denise da Costa Boamorte Cortela, defendeu sua tese de doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) com um estudo inédito no Brasil e no mundo intitulado ‘Infecções odontogênicas e episódios reacionais em indivíduos com hanseníase’.

A partir do estudo ficou comprovado que indivíduos com hanseníase, em tratamento ou não, e com doenças periodontais (doenças da gengiva) se tornam mais suscetíveis a desenvolver reações hansênicas. Segundo a pesquisadora, o estudo é inédito por ser o primeiro a apresentar um desenvolvimento sistemático com abordagem clínica e imunológica das infecções odontogênicas (infecções que a origem envolve dentes e perda óssea) e com enfoque nas doenças periodontais. “Até então, na literatura, só havia sido citada, por um único autor, que as infecções odontogênicas podiam estar envolvidas no surto hansênico. Eu não só mostrei que as infecções odontogênicas estão envolvidas, mas, principalmente, as doenças periodontais”, explicou Denise Cortela.

De acordo com a pesquisadora, os resultados da tese mostraram que, independente da particularidade do problema ou comprometimento dentário, a assistência odontológica preventiva ou curativa implicará em redução de risco de reações hansênicas. A valorização do autocuidado durante a assistência odontológica e a qualidade do acompanhamento do paciente não apenas implicará na redução das infecções dentárias e gengivoperiodontais, mas protegerá de surtos que poderão resultar em incapacidades e deformidades permanentes.

O surto hansênico ou reações hansênicas é quando ocorre um aumento exagerado da inflamação na pele e nos nervos afetados pela bactéria da hanseníase com o aparecimento de manchas mais avermelhadas e maiores na pele, com ou sem nódulos (caroços), podendo ocorrer febre e dores no corpo ou na região dos nervos afetados que aumentam muito sofrimento aos doentes. Segundo Denise Cortela, quando o surto ocorre, o paciente ainda pode desenvolver incapacidades e deformidades muitas vezes permanentes. Entre elas, dificuldades para realizar tarefas corriqueiras como pegar um copo, abrir e fechar uma torneira, escovar os dentes; dificuldades para andar; perda de visão; mãos em garra por atrofia; e em estados mais avançados a perda de mobilidade dos membros superiores e inferiores. Nestes casos são necessárias cirurgias para que o paciente tenha alguma melhora e qualidade de vida.

A partir das conclusões obtidas no estudo, foi constatada a necessidade de encaminhamento de todo paciente diagnosticado com hanseníase para avaliação e tratamento odontológico. “Agora precisamos disseminar, socializar essa informação, que também é desconhecida dos cirurgiões-dentistas”, esclarece a professora. O projeto em parceria institucional entre Unemat e UFMT foi coordenado pela pesquisadora Eliane Ignotti, doutora em Saúde Pública e pós-doutora pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), sendo financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) e desenvolvido em parceria com o Instituto Lauro de Souza Lima, de Bauru, em São Paulo, que é referência internacional em doenças dermatológicas.

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