As investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil identificaram que a compra de um apartamento de luxo na cidade de Itapema, no litoral de Santa Catarina, avaliado em R$ 1 milhão, foi realizada por meio de 284 de transações bancárias – uma prática característica do crime organizado. A Operação Fair Play, deflagrada na semana passada, constatou que o apartamento foi adquirido em outubro de 2023, por um homem que atuou como “laranja” do tesoureiro de uma organização criminosa em Mato Grosso.
Conforme as investigações, a negociação do apartamento envolveu o pagamento de uma entrada de R$ 500 mil e cinco parcelas de R$ 50 mil, totalizando R$ 750 mil. Desse total, uma parte foi paga diretamente para a construtora do apartamento, para quitar o imóvel, e o restante foi repassado para os antigos proprietários.
Para concretizar o acordo, foram realizados 284 depósitos bancários por, pelo menos, cinco comparsas do tesoureiro da organização criminosa. As diligências apontaram que as inúmeras transações foram realizadas diretamente em caixas eletrônicos, sem a identificação de quem enviava os valores.
“Essa prática de usar uma infinidade de depósitos de pequenos valores é conhecida como smurfing, uma conduta característica para transferência de valores do tráfico de drogas. O dinheiro é arrecadado em boca de fumo, por isso os depósitos são de valores pequenos. Além disso, eles têm o objetivo de dificultar que qualquer movimentação atípica nas contas seja percebida”, explicou o delegado Rafael Scatolon, responsável pelas investigações, através da assessoria.
Ainda segundo o delegado, a investigação apontou que nenhum dos responsáveis pelas transferências bancárias possui lastro financeiro compatível com as movimentações.
A operação Fair Play cumpriu 19 mandados judiciais, sendo 11 de prisões e 8 de buscas. Também foram decretadas suspensões de atividades econômicas, sequestros de veículos e bloqueios de bens.
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