Um grupo de 1,2 mil pessoas participam a partir de hoje dos testes clínicos da primeira vacina brasileira contra a dengue. Os voluntários são selecionados pelos agentes comunitários de saúde de Cuiabá nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje pela manhã o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito Mauro Mendes, representantes do Ministério da Saúde e do Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM) acompanharam o inicio dos testes.
A vacina é desenvolvida pelo Instituto Butantã, unidade da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, considerada como um dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo. O médico infectologista e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cor Jesus Fontes, coordenador da pesquisa em Cuiabá explicou como será feito o estudo que vai reunir 1,2 mil pessoas, de 2 a 59 anos. Esta é a terceira e ultima etapa dos testes antes que a vacina seja submetida a aprovação da Agência Nacional de vigilância Sanitária (Anvisa).
Os voluntários estão sendo selecionadas com base em critérios como não estar gestante ou tenham desejo de engravidar no próximo mês após a aplicação da vacina, no caso das mulheres, que permaneçam em Cuiabá nos próximos cinco anos, que não tenham recebido vacina da dengue anteriormente e que não tenham doença muito grave.
De acordo com o professor, essa é uma segunda vacina. A primeira, já aprovada e disponível comercialmente no Brasil, ainda não foi incorporada ao Sistema Único de Saúde. “A grande vantagem dessa vacina é que ela será uma vacina de SUS, produzida no Brasil, e que promete muita proteção e segurança”, explicou Cor Jesus.
No Centro de Avaliação e Pesquisa da Vacina Contra a Dengue, localizado no bairro Alvorada, será feita a vacinação e todo o acompanhamento dos voluntários durante esta fase de avaliação, quando está sendo testada a eficácia da vacina.
“Ate agora os testes já realizados em grupos menores nos Estados Unidos e em São Paulo mostraram que a vacina teve uma alta eficácia, acima de 80% e que é segura, com pouquíssimos efeitos colaterais”, disse Cor Jesus.
Após a aplicação da vacina que é de dose única e subcutânea os voluntários serão monitorados por um período de 21 dias e depois acompanhados por 5 anos. “O estudo demanda um período de cinco anos, mas se daqui a dois anos a vacina se mostrar muito eficaz poderá ser disponibilizada a população”, disse o coordenador.
Segundo Cor Jesus, Cuiabá foi uma das cidades escolhidas porque desde 2001 vem apresentando epidemia de dengue. Os testes também estão sendo realizados em Manaus (AM), Boa Vista (RR), Porto Velho (RO), em três centros do Estado de São Paulo – Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – em Fortaleza (CE), Aracaju (SE), Porto Alegre (RS) e Campo Grande (MS). Em Cuiabá, o Hospital Universitário Julio Muller, em parceria com o Instituto Butantã, vai comandar os testes.
‘Acreditamos muito nessa vacina e no seu sucesso. É uma grande esperança para as ações de controle da dengue e, para reduzir o sofrimento da população”, destacou o médico e pesquisador.
O governador Geraldo Alckmin disse que há uma grande expectativa em torno da vacina. “Essa é uma grande conquista para a população. Ter uma vacina totalmente gratuita, produzida no Brasil e disponível na rede pública de Saúde”.