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Pacientes em MT têm vidas transformadas com a recuperação da visão

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Conhecer os netos, voltar a plantar, dançar, trabalhar, rever o brilho nos olhos da esposa, atividades comuns do cotidiano que foram recuperadas por mais de 1,8 mil pessoas que participaram da Caravana da Transformação e fizeram cirurgias para catarata e pterígio na região médio-norte de Mato Grosso.

Foram operados pacientes de 35 cidades, incluindo moradores de Minas Gerais e Rondônia. A próxima etapa será realizada em setembro, no município de Peixoto de Azevedo e deverá atender mais de seis mil pessoas.

Geraldo Ferreira Araújo tem 86 anos e mora no município de São José do Rio Claro, mas há cinco não sabia como era rever o rosto da esposa, Maria Ferreira, com quem é casado há mais de 40 anos.

Com catarata nos dois olhos, o idoso conta que seguiu a risca todos os procedimentos recomendados para o pós-operatório e que contou a novidade para os cinco filhos que vivem no interior de São Paulo. “Temos que ter todo cuidado. É uma benção de Deus poder voltar a revê-los por inteiro, não quero perder isso”.

Já para Benedita Pereira de Almeida, de 63 anos, a visão fez com que ela recuperasse um dos seus hobbies favoritos, a dança. Com catarata há três anos, ela conta que acabou se afastando dos bailes e também não conseguia mais assistir televisão, porque via tudo embaçado. “Agora vou poder frequentar mais os bailes de quinta-feira sem medo.”

Moradora do município de Nortelândia (253 km a médio-norte de Cuiabá), Benedita incentiva outras pessoas a participarem da Caravana. “Nem doeu. Foi rapidão, fiquei ‘impressionante’. Agora lá em casa tá tudo mais branco, mais coloridinho”.

O pequeno agricultou Dório Perovan tem 67 anos, porém passou mais de um terço da vida sem enxergar plenamente. Ele conta com convive com a doença há mais de 25 anos e que voltar a ver plenamente deu novo significado a atividades diárias do seu dia-a-dia.

“Graças a Deus e a santa Luzia melhorou tudo. A visão é a peça mais melindrosa que a gente tem, mas não presta atenção. Eu tinha parado de roçar a horta, porque na hora de capinar ficava todo o mato pra trás, agora vou voltar”.

Dório também conta que agora está ansioso para rever os netos e agora conhece-los novamente. “Agora é tudo novo, tá tudo mais bonito, melhor”, completa.

A primeira edição da Caravana da Transformação também conseguiu levar atendimento a índios de diversas etnias, não somente de Mato Grosso, como também de Rondônia.

Quatorze indígenas das etnias Aikana, Manduca, Sabanes e Tawande, que moram na zona rural de Vilhena (RO) se deslocaram até Barra do Bugres para receber atendimento, sendo que sete deles fizeram cirurgias e também receberam o atendimento pós-operatório.

Entre eles, Maria Tadeu Aikana, que aos 98 anos voltou a enxergar plenamente. A enfermeira do grupo, Lindaura Gomes da Silva, exaltou a ação. “Muitos deles estavam na fila há mais 5 anos para poder fazer os procedimentos, pois as tribos não tem como arcar com os custos de uma cirurgia. Para eles, a visão é ainda mais importante, porque caçam, fazem artesanato e também trabalham com a agricultura”.

O médico oftalmologista responsável pelo atendimento pós-cirúrgico, Fernando Silva Moura, comemorou o resultado da Caravana. “O nosso índice de sucesso é altíssimo, nós chegamos a atender pacientes que estavam dois, três e até cinco anos na fila, praticamente cegos, enxergando só com a percepção de luz, e esses pacientes hoje estão muito gratos e felizes com o trabalho que realizamos aqui. Então, desde histórias assim, que pacientes que estavam sem ver os filhos, sem reconhecer ninguém, mas hoje estão muito felizes. E nós também com os resultados que alcançamos aqui”.

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