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Pesquisadores da UFMT alertam sobre proteção de matas ciliares para manter diversidade de peixes

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Redação Só Notícias (foto: Mayke Toscano/arquivo)

Em artigo publicado no periódico científico Hydrobiologia, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) evidenciam a necessidade de se proteger matas ciliares para manter a diversidade de peixes nos rios do Cerrado, promovendo assim maior resiliência do sistema e oferta de serviços ecossistêmicos. Os pesquisadores também alertaram para falta de uma legislação apoiada em evidências científicas é um dos desafios para a preservação dos rios.

A pesquisa teve como objetivo avaliar a relação entre a forma de uso do solo com a diversidade de peixes encontrada, considerando três escalas diferentes: rios, redes hidrográficas e a bacia hidrográfica como um todo. ‘Tipo de uso do solo’, nesse caso é uma medida da presença de agricultura ou outras atividades humanas nos arredores dos corpos fluviais.

Os pesquisadores fizeram capturas de peixes com redes, nos rios escolhidos como parte da amostra, e usaram imagens de satélite para avaliar o tipo de uso do solo na região acima dos pontos de captura. Os peixes foram identificados e quantificados.

“Nossos resultados mostram que os efeitos do uso agrícola da terra de baixas intensidades interferem na diversidade a depender da escala. No caso das redes ribeirinhas, vimos que um aumento do uso de terras afetou negativamente a diversidade (quantidade de espécies) e a composição de espécies (tipos de peixe). Entretanto, essa resposta da comunidade de peixes não ocorreu nas outras escalas espaciais analisadas”, explicou o professor Jerry Penha, do Instituto de Biociências.

O uso da terra ao longo dos rios impacta na vida dos peixes porque as matas ciliares desempenham diversos papéis importantes para esses sistemas, mesmo quando não estão em contato direto com a água, segundo os pesquisadores.

“Elas oferecem alimento e abrigo aos organismos aquáticos por meio dos troncos, folhas e galhos que caem nesses ambientes. Também afetam a composição química e os estoques de nutrientes desses ambientes. Controlam a entrada de luz e a temperatura, e com isso a produção e a ciclagem de nutrientes. Estabiliza as margens e controla a erosão, além de afetar o balanço hídrico e a vazão, ao amortecer as chuvas, dando tempo ao solo para absorver os seus excessos”, disse, antes de destacar. “Quando eliminamos a mata ciliar afetamos todos esses processos, e outros que não citei”.

Em contraste, os riachos localizados em bacias hidrográficas agrícolas geralmente têm maior proporção de substratos arenosos, sólidos suspensos totais, turbidez, temperatura, nível de poluentes e pH e oxigênio mais baixos devido à sedimentação e ao escoamento de fertilizantes. “A diversidade tem um valor em si, um valor de existência, mas está também associada com funções responsáveis pelo funcionamento do ecossistema e com serviços oferecidos pelos ecossistemas aos humanos”.

Apesar do tema ser novo e ainda serem necessários mais estudos para compreender os padrões da natureza, o que a ciência tem indicado é que quanto maior a diversidade de espécies, maior o número de serviços oferecidos pelos ecossistemas para a humanidade. “Dentre esses serviços estão os de provisão (alimentos, matérias-primas, recursos genéticos e medicinais, água, etc), os de regulação (regulação do clima, controle de enchentes e erosões, etc), os culturais e os de suporte à vida. E esses serviços têm valor econômico. Portanto, quanto maior a diversidade, maior o valor econômico dos ecossistemas, medidos pelos serviços que oferecem à humanidade”.

Ainda assim, a legislação brasileira não tem acompanhado o progresso dos estudos científicos nesse quesito. De acordo com o professor Penha, estudos já demonstram que os 30m de área de preservação permanente de vegetação ciliar definidos para a maioria dos córregos (< 10 m) são insuficientes para preservar a qualidade da água. “Ou seja, a lei de hoje não protege os nossos corpos d’água. Essa proteção deve ser ampliada para além dos 50 metros de largura de cada lado do riacho”, concluiu.

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