Diferentemente de grande parte dos alunos que, cada vez mais, prende-se a inúmeras fórmulas e métodos para memorizar o conteúdo ensinado em sala de aula, Marcos Vinicius Gomes de Santana, de 17 anos, vale-se da própria curiosidade como principal metodologia de estudo.
Tendo concluído o Ensino Médio no final do ano passado na Escola Estadual 13 de Maio, em Tangará da Serra, o adolescente é um dos estudantes mato-grossenses da rede estadual a carimbar vaga no ensino superior, por meio do Sistema de Seleção Uniicada (Sisu), do Ministério da Educação (MEC).
"Acho divertido saber das coisas; então, quando me deparo com algum assunto, leio o que encontro a respeito, até entender", explica.
Dessa forma, "devorando" os livros, o jovem obteve, no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 752 pontos no geral (linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; e ciências da natureza e suas tecnologias) e 960 pontos na redação, desempenho que lhe rendeu a primeira colocação entre os inscritos no curso de Ciências da Computação da Universidade Federal do Ceará (UFC) — uma das 10 melhores do Brasil.
Filho de pai microempresário, que não terminou o Ensino Fundamental, e de mãe merendeira, que concluiu o Ensino Médio recentemente, Marcos sempre estudou em escolas da rede pública e, durante toda a vida, colocou o lado autodidata em benefício do conhecimento. O jovem, que nunca viajou ao exterior, mas fala inglês fluentemente, conta que o apoio recebido por alguns professores foi fundamental para que o interesse pela leitura se mantivesse aceso ao longo dos anos.
"Passei a infância lendo, de tudo um pouco, de gibis a enciclopédias. Ficava muito tempo sem ter o que fazer, então ia ler. Depois, no Ensino Fundamental, uma professora viu que eu gostava de ler e passou a me incentivar a escrever. Poesias, crônicas, não importava o gênero, o importante, ela falava, era colocar as ideias no papel. Isso me ajudou bastante, desde a ter uma escrita mais apurada, como também a organizar melhor o raciocínio e a pensar mais criticamente".
Para aqueles interessados em ter um bom desempenho no Enem, a dica que Marcos dá é "simples": aprender a gostar de estudar.
"Quando passamos a encarar os estudos não como um enfado, mas como algo divertido, fica mais fácil aprender. Como fica mais fácil, também, colocar o prática o que se aprende, fazendo com que um bom desempenho, em qualquer avaliação, seja uma consequência natural", pontua.
Aula dada, aula estudada
A exemplo de Marcos, Thaynara Borges, 17 anos, concluiu o Ensino Médio no final de 2016 e, no primeiro Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) "pra valer", teve pontuação boa o suficiente para assegurar uma vaga no ensino superior.
Aluna da Escola Estadual Presidente Médici, em Cuiabá, desde o 5º Ano do Ensino Fundamental até o 3º Ano do Ensino Médio, ela, após obter 800 pontos na redação e 646 no geral, inscreveu-se para Medicina Veterinária, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), contudo, em razão de um sonho maior, acabou por decidir em não levar adiante os estudos no curso.
"Meu sonho mesmo é Medicina e eu pensei: para que vou entrar pra ver o curso se meu sonho é outro? Eu só ia estar roubando a vaga de outra pessoa. Então, tive um papo com a minha mãe e nós resolvemos que eu vou tentar mais um ano", argumentou.
Ela contou que, durante todo o ano de 2016 a escola propiciou, aos alunos, simulados e aulas de redação voltados ao Enem e, para driblar as dificuldades com a área de exatas, convenceu o pai a pagar um cursinho particular. A preparação diferenciada, porém, foi a já conhecida metodologia da "aula dada, aula estudada".
"Eu estudava de manhã no Médici e, à tarde, ia pro cursinho e ficava lá até o período da noite, tendo as aulas de exatas. Tentava absorver tudo o o que os professores me passavam e, quando chegava em casa, revisava tudo", disse.