Quatro municípios mato-grossenses estão sediando no mês de maio as coletas de amostras botânicas e de madeira, para o trabalho de atualização dos herbários de, pelo menos, 32 espécies florestais. A ação integra o projeto “Espécies arbóreas mais comercializadas no Estado”, executado pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Unemat câmpus Alta Floresta, em parceria com o Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem) e apoio do governo de Mato Grosso e busca disponibilizar informações atualizadas sobre a real situação das espécies comerciais, auxiliando na categorização de risco correta para cada espécie na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção, evitando inserções incorretas pela falta de dados.
A primeira fase do projeto de atualização dos herbários foi finalizada com o curso de capacitação de identificação botânica de gênero e espécie e de anatomia da madeira, em uma área de Manejo Florestal (PMFS) em Nova Monte Verde. O próximo curso está previsto para ocorrer em outubro. Em 2025 está prevista nova capacitação.
Depois dos técnicos capacitados, começa outra fase do projeto, que é a coleta das amostras botânicas, programadas para ocorrer em Sinop, Nova Ubiratã e Santa Carmem, com encerramento das atividades em junho, em Alta Floresta. Prioritariamente, serão coletadas espécies arbóreas nativas com maior potencial comercial, como Muiracatiara, Angelim Pedra, Roxinho, Cerejeira, Garapeira, Ipê, Cumarú e Itaúba.
Durante as atividades de qualificação profissional, os técnicos e engenheiros florestais recolheram amostras de espécies florestais nativas de valor comercial e presentes nas áreas do planos de manejos florestais sustentáveis (PMFS). Por meio dessa atividade os participantes dos cursos ganharam expertise para realizar a identificação científica correta das espécies existentes nas florestas manejadas. Com duração de 70 horas, o curso foi dividido em 3 submódulos e destinado a profissionais que atuam nos inventários florestais das empresas parceiras do projeto. Por meio da padronização dos nomes vulgares e científicos das espécies arbóreas é possível aperfeiçoar as técnicas para identificação botânica e melhorar a ação sobre o setor florestal, que oferece um produto renovável e sustentável.
“Buscamos implementar soluções para melhorar o setor de base florestal, que é tão importante para o desenvolvimento socioeconômico e sustentável de Mato Grosso”, esclarece o presidente do Cipem, Ednei Blasius.
Engenheira florestal e professora doutora em Botânica na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Gracialda Costa Ferreira, acrescenta que a identificação botânica tem sido um gargalo há muitos anos e que ainda persiste nas atividades de manejo florestal. “Observamos que isso tem resultado no processamento da madeira como um produto heterogêneo, o que não é bom para o mercado, além de inviabilizar o uso mais adequado das florestas”.