O Palmeiras voltou a vencer no Campeonato Brasileiro, manteve a freguesia do São Paulo no Palestra Itália e triunfou sobre um rival regional pela primeira vez neste Brasileirão. Após sair atrás no placar com Marcos Guilherme, Willian anotou dois gols e virou o jogo, mas Hernanes igualou novamente o marcador no primeiro tempo. Na etapa final, Keno colocou o Alviverde na frente novamente e Hyoran definiu a emocionante vitória por 4 a 2.
Modificado, o campeão brasileiro abandonou o 4-3-3 e entrou em campo no 4-2-2-2. Com a torcida ressabiada e pouco participativa, o Palmeiras jogava bem e tinha Tchê Tchê, retomando o bom desempenho, e Willian, se movimentando entre as linhas adversárias, como principais destaques. As arquibancadas viam um time que lutava pelo G4.
O Tricolor, armado no 4-1-4-1, sofria com as investidas alviverdes pelo lado direito, em que Cueva deveria ajudar Edimar na marcação, problema corrigido apenas depois por Dorival Junior, que inverteu o lado do peruano. Com quase 65% de posse de bola, o Verdão dominava o rival e só poderia sofrer um gol em falha individual. Pois foi justamente o que ocorreu.
Bruno Henrique perdeu disputa com Cueva pelo alto, Luan ameaçou sair para abafar o passe de Lucas Pratto, mas manteve posição e levou uma bola nas costas, que acabou com Marcos Guilherme mandando para as redes. O silêncio tomou conta do Palestra Itália e apenas xingamentos eram ouvidos.
Esperando ver a equipe que havia marcado 12 gols e sofrido apenas um contra o São Paulo em sua Arena, a única lembrança de clássicos anteriores ocorreu quando Sidão cobrou tiro de meta errado nos pés de Willian, e a massa imediatamente gritou: “De cobertura!” Mas o palmeirense mandou para fora, ao lado da meta.
Foram necessários dois sustos para o estádio voltar a vibrar. Primeiro, Lucas Pratto levou joelhada de Hernanes, caiu desacordado em campo e foi retirado de ambulância, com aplauso dos palmeirenses. Depois, em nova falha defensiva do Palmeiras, Marcos Guilherme fez jogada individual e acertou o travessão.
Após seis minutos de paralisação para atendimento do argentino, Willian, o mais lúcido em campo, despertou novamente a torcida alviverde. Primeiro, dominou cruzamento de Michel Bastos, que Edimar não conseguiu cortar, e bateu cruzado para empatar. Três minutos depois, avançou pela esquerda, aplicou uma caneta em Jucilei e mandou no ângulo de Sidão para fazer o segundo. A torcida via novamente via o campeão brasileiro em campo.
No duelo dos Profetas entre Moisés e Hernanes, o palmeirense estava sumido, e o são paulino, candidato óbvio a brilhar, marcou seu quarto gol consecutivo em partidas fora de casa. Em falha de Jean, o camisa 10 tricolor dominou no peito o cruzamento de Buffarini e bateu no cantinho de Prass.
Na etapa final, os visitantes mantiveram a postura de contra-ataque, mas não conseguiram ter sucesso. Já os mandantes abdicaram dos quatro homens no meio-campo e retomaram o 4-3-3, com a entrada de Keno na vaga de Bruno Henrique. A alteração mostrou resultado, e o atacante anotou um golaço para virar o marcador. Por fim, Hyoran ainda definiu a goleada alviverde. E foi assim que o Palestra Itália reviveu 2016, com uma vitória marcante sobre um rival, e a festa restabelecida nas arquibancadas.
Apoiado no discurso de que ainda está em busca da formação ideal para o Palmeiras, Cuca resolveu inovar no clássico e mandou o time a campo no 4-4-2, com Bruno Henrique e Tchê Tchê dando suporte à zaga e Willian com mais liberdade para encostar em Deyverson. Pelo lado tricolor, nenhuma novidade. Dorival voltou a apostar no 4-1-4-1 e com uma postura de cadência e disciplina tática.
Mas, não precisaram muitos minutos para o Verdão perder uma deficiência grave dos rivais. Cueva, aberto pela esquerda, não dava o suporte necessário a Edimar. O Palmeiras, então, investiu por ali e colocou o São Paulo em apuros pelo menos três vezes.
E quando a torcida da casa começa a se animar de verdade, veio a surpresa. Bruno Henrique, de 1,80m, perdeu no alto para Cueva, que mede 1,69m. Lucas Pratto recebeu e colocou Marcos Guilherme na cara de Fernando Prass. O meia tricolor deixou Michel Bastos para trás e abriu o placar.
O gol dos visitantes abalou o Palestra, que silenciou por alguns minutos e só voltou a ser ouvindo diante das reclamações com os erros de passe da equipe alviverde. A essa altura, Cueva e Marcos Guilherme já haviam trocado de lado para acabar com a farra palmeirense em cima de Edimar.
Tudo corria bem até os 21 minutos, quando Lucas Pratto deu um susto daqueles em todos que acompanhavam o clássico. Em um lance rotineiro, o argentino apareceu na defesa para ajudar na marcação, mas acabou levando uma joelhada do companheiro Hernanes. O argentino ficou desacordado e, desesperados, os jogadores suplicaram pela ambulância. Em cerca de seis minutos, Pratto já estava a caminho do hospital, consciente, para uma tranquilidade maior de todos.
Quem imaginou que a paralisação pudesse esfriar o jogo em campo se enganou. Assim que a bola voltou a rolar, o São Paulo teve uma grande oportunidade de ampliar a vantagem de novo com Marcos Guilherme, que acertou o travessão e viu a bola quicar fora do gol.
O Palmeiras parecia abatido e desencontrado quando Michel Bastos, aos 35, cruzou para a área. Edimar falhou e Willian não perdoou. Bastou para o Verdão acordar. Três minutos depois, em nova jogada de Willian, dessa vez toda ela individual, o Palmeiras virou em grande estilo. O atacante palmeirense acertou o ângulo e Sidão e finalização de fora da área.
O Choque-Rei estava imprevisível. Nos acréscimos da primeira etapa, dessa vez era o Palmeiras que parecia senhor do jogo quando o rival foi lá e aprontou. Buffarini alçou bola na área, Jean fez a vez de Edimar e falhou. Hernanes dominou e estufou as redes, levando o clássico para o intervalo com o 2 a 2 no placar.
Com um segundo tempo, truncado, de poucas oportunidades, Dorival resolveu sacar Cueva para colocar o jovem Lucas Fernandes. Cuca respondeu com Keno na vaga de Bruno Henrique e mandou o Palmeiras para frente, agora no 4-3-3.
O panorama, no entanto, pouco mudou. O excesso de erros de passe minava as chances das duas equipes. Sidão ainda assustou os são-paulino ao furar bisonhamente uma bola recuada, mas se redimiu ao evitar o gol de Deyverson com uma defesa espetacular.
Na melhor chance do São Paulo em toda a etapa final, Rodrigo Caio acabou sendo o vilão. O zagueiro ficou livre, dentro da pequena área e também furou de forma incrível. De joelhos, desacreditado, o defensor chegou a olhar para o bandeira, que deu condição legal no lance.
Cuca ainda colocou Hyoran no lugar de Guerra, mas o clássico perdeu parte de sua organização. Palmeiras e São Paulo passaram a se contra-atacar seguidamente e o jogo ficou imprevisível.
Nesse ritmo, o São Paulo pagou caro por um erro de escolha de Marcos Guilherme, que carregou a bola com duas opções de passe contra apenas dois defensores palmeirenses. O meia acabou nem finalizando nem tocando a bola. Em resposta, o Verdão acionou Deyverson na esquerda. O centroavante viu Keno livre na meia-lua, serviu. Sem dominar, o ex-jogador do Santa Cruz bateu firme, sem chance para Sidão.
Pronto para colocar Roger Guedes em campo, Cuca imediatamente mudou sua alteração. Thiago Santos entrou no lugar de Deyverson. Dorival apostou em Denilson na vaga de Marcos Guilherme.
O fim do Choque-Rei foi dramático, com todos no estádio em pé. O alívio para a torcida local só veio nos acréscimos, quando Tchê Tchê lançou Willian nas costas da zaga tricolor. O atacante só teve o trabalho de cruzar para Hyoran, que livre, mandou para o fundo do gol e transformou a vitória em goleada.
Depois de três rodadas, o Palmeiras voltou a vencer e, de quebra, ainda manteve o tabu de não perder para o rival do Morumbi no Allianz Parque. Já o Tricolor terá de amargar mais uma rodada na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.