“Eu acredito!”. Pela primeira vez a torcida do São Paulo adotou o famoso mantra para ajudar, de alguma forma, seu time dentro de campo na desgastante luta pela permanência na Série A. E na manhã desse domingo, a missão foi cumprida com uma virada improvável e dramática em cima do Cruzeiro, que dominou o confronto pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro, mas sucumbiu no Morumbi diante de 56.052 torcedores – novo recorde do campeonato – e acabou derrotado por 3 a 2.
A vitória quebra a série negativa do Tricolor e a sequência positiva dos mineiros. Provisoriamente na 16ª colocação, com 22 pontos, o São Paulo deixa a zona de rebaixamento. Já o Cruzeiro perde a chance de entrar no G6, estaciona nos 27 pontos, e pode perder o sétimo lugar na tabela de classificação até o fim da rodada.
A recepção na chegada ao estádio deu o tom do que seria o jogo para o São Paulo. Dentro de campo, o cenário estava montado com arquibancadas completamente lotadas e muito entusiasmo dos são-paulinos. Os cruzeirenses, no pequeno espaço destino às torcidas visitantes, não ficam atrás em empolgação.
O São Paulo ainda fez questão de não deixar passar em branco o dia das pais. Cada jogador entrou em campo ao lado de seu tutor. Mas veio o apito inicial e certamente os filhos são-paulinos levariam uma baita bronca de seus pais pelo desempenho no trabalho.
A Raposa, apesar dos seis reservas em campo, dominou completamente os donos da casa. Para piorar, Renan Ribeiro cometeu pênalti em Sassá logo aos 11 minutos. Sorte do arqueiro que o camisa 99, depois de muita firula, acertou a trave.
O panorama, no entanto, não mudou. Robinho e o próprio Sassá deixaram os torcedores aflitos em dois lances. Mas, quem não faz… Último lance antes do intervalo e Hernanes, em linda cobrança de falta, abriu o placar para o Tricolor. Bastou para que todo o primeiro tempo ruim do São Paulo fosse ignorado pela torcida, que vibrou aliviada.
Na segunda etapa, Dorival Júnior resolveu atender o pedido da torcida e colocou Jucilei na vaga de Militão. O que nem o técnico nem os torcedores imaginavam é que em 11 minutos o Cruzeiro viraria o jogo.
Primeiro Sassá aproveitou sobra dentro da área e, de voleio, compensou seu pênalti perdido. Depois, Rodrigo Caio falhou feio dentro da área, com a bola dominada, e o centroavante cruzeirense não desperdiçou a chance: 2 a 1.
O São Paulo se abateu de forma notável. Estádio calado e time apático. Os mineiros passaram a sobrar em campo, tocar a bola de primeira e aplicar canetas e chapéus. As oportunidades apareceram, mas o time de Mano Menezes cometeu o pecado de não matar o jogo.
Quando o São Paulo parecia entregue na partida, Arboleda subiu mais alto que todo mundo em cobrança de escanteio pela direita e deixou tudo igual, colocando o Tricolor de volta aos eixos. O time acordou, Dorival mandou Gilberto e Denilson para campo e, aos 36, o camisa 17 sofreu pênalti. Diferente de Sassá, Hernanes não vacilou e sacramentou uma virada inesperada no Morumbi.
Os últimos minutos foram de um Cruzeiro desesperado, já com Thiago Neves e Henrique em campo, contra um São Paulo revigorado, vibrando com cada bico para a lateral.
Quando o apito final do árbitro soou mais alto do que qualquer voz no Morumbi, a festa ficou completa para os são-paulinos, que respiraram aliviados e voltaram para casa fora da zona de rebaixamento.
No próximo domingo, uma nova final ao Tricolor, dessa vez contra um adversário direto; o Avaí, na Ressacada. No mesmo dia, o Cruzeiro recebe o Sport no Mineirão.