A juíza da Vara Contra o Crime Organizado da capital, Selma Arruda, afirmou, hoje, em entrevista na TV Rondon, que não há, no processo, provas documentais de suposto caixa 2 na campanha do governador Pedro Taques (PSDB) em 2014. A suspeita da irregularidade foi citada pelo empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, em depoimento ao GAECO (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), após ser preso na 3ª fase da Operação Rêmora.
No último dia 16 de dezembro, ele confessou participação no esquema de cobrança de propina de empresários que tinham contratos com a Secretaria de Estado de Educação. “Até agora o que se tem é apenas o depoimento dele. Provas documentais no processo não há nenhuma”, afirmou. Alan declarou que ajudou a pagar por débitos não declarados na campanha. “Ao final da campanha, houve um débito de campanha não declarado, sendo que Taques me pediu apoio para o pagamento desse débito. Ajudei nessa composição, mas não me recordo, por hora, do montante”, declarou.
Além de Alan, o delator da operação, o empresário Giovani Guizardi, também citou Taques, declarando que as fraudes em licitações da secretaria teriam o intuito de recuperar o "investimento" de R$ 10 milhões feito por Alan na campanha de Taques.
Com as declarações prestadas pelo delator e por Alan, no último dia 19, o Gaeco ofereceu nova denúncia derivada da Operação Rêmora. A magistrada é a responsável por aceitar ou não o processo proposto.
Quanto à acusação envolvendo o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Guilherme Maluf (PSDB), ela ressaltou que o caso deve ser tratado pelo Tribunal de Justiça, já que envolve pessoa com prerrogativa de foro. “Isso tramita no Tribunal de Justiça. Se ele [Alan Malouf] apresentou provas referentes a essa pessoa, elas devem ser encaminhadas ao tribunal e não ao processo sob minha responsabilidade”, explicou.
De acordo com Alan, em determinada época no ano de 2015, a pedido de Guizardi, ele entregou R$ 40 mil ao deputado (seu primo) e Guizardi teria dito que o dinheiro seria a parte do “Guilherme” no esquema, já que o parlamentar “tinha o real poder político dentro da Seduc. Que em determinada oportunidade, pelo fato de Giovani Guizardi ter um compromisso, que não sabe qual é, o mesmo (Giovani) pediu que entregasse o envelope contendo R$ 40 mil para Guilherme Maluf, oportunidade em que Giovani disse que era parte do Guilherme no esquema da Seduc, visto que as indicações dos servidores Moisés [Dias] e Wander [dos Reis] da Seduc, os quais participavam do esquema (seria indicação de Guilherme) e que sem a anuência dos mesmos, não seria possível a concretização do esquema”, diz trecho do depoimento.
Guilherme Maluf negou as acusações de Guizardi e de Alan.