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Ex-secretário estadual Permínio Pinto admite corrupção na Seduc e diz que foi omisso

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 O ex-secretário de Estado de Educação (Seduc), Permínio Pinto (PSDB), admitiu, há pouco, durante depoimento para a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que algumas das denúncias sobre corrupção na pasta são verdadeiras. Ele confirmou que recebeu propina do empresário Alan Malouf, preso ontem, acusado de envolvimento no esquema de corrupção da secretaria. "O último recebimento que tive foi dele, cerca de R$ 20 mil a R$ 25 mil", afirmou Perminio. A juíza Selma Arruda perguntou se seria um complemento ao salário e o ex-secretário negou. “Isso não existe. Apesar de que no meu holerite vinha um salário de R$ 13 mil. Eu acho muito pouco”.

Ele afirmou que em dezembro de 2014 foi procurado pelo empresário Alan Malouf que disse ter sido um dos responsáveis pela sua indicação para ser secretário. Perminio disse que Malouf disse que atuou como um dos coordenadores de campanha e fez investimentos pesados na eleição de 2014, o que levou a necessidade de ser ressarcido. Foi apresentado um plano para o empresário Giovani Guizardi procurar donos de empresas que prestavam serviços à secretaria de Educação em cobrar parte dos lucros.

Permínio disse que foi resistente a este esquema porque sempre planejou ser secretário de Educação e não gostaria de arranhar sua reputação. Ele reconheceu que prevaricou. “Eu cometi o pecado de ser omisso. Eu pedi ao Fábio Frigeri que não fosse cometido superfaturamento, mas autorizei que essas ações acontecessem. Eu errei pelo fato de ter dado as costas e omitido, enfiado a cabeça no buraco como um avestruz”, confessou.

Permínio disse que não informou ao governador Pedro Taques (PSDB) a respeito do assédio de Alan Malouf para montar um esquema de corrupção na secretaria. “Eu sabia que ele tinha sido o coordenador financeiro da campanha. E acertei com ele ali mesmo. Errei e fui omisso ao não avisar ninguém. O Alan me dava segurança. Dizia que eu não iria aparecer de jeito algum neste esquema e que se fosse necessário ele assumiria as responsabilidades”.

Permínio foi questionado a respeito do recebimento de propinas. O ex-secretário afirmou que jamais discutiu valores e isso foi resultado do assistencialismo político. A magistrada pediu explicações e Permínio disse que o assistencialismo político é o auxílio financeiro a realização de festas, doação de cestas básicas e outras medidas de assistencialismo. “Esse é um dos grandes motivos da corrupção no município, Estado e governo federal”.

Por outro lado, Permínio negou que tenha discutido valores ou tratado com alguém pagamentos indevidos. Ele disse que está disposto a devolver dinheiro aos cofres públicos. Mas não sabe informar qual a quantia que Fábio Frigeri e outros envolvidos tenham recebido de dinheiro do esquema de corrupção. O ex-secretário pediu desculpas a população mato-grossense e disse que está abalado emocionalmente. “Minha família foi atingida fortemente com este caso”.

O ex-secretário negou que tenha participado de reunião na qual empresários do ramo da construção civil discutiam pagamento de propina e fraudes em licitações. Permínio revelou que conheceu Guizardi em um jantar realizado em um hotel de Cuiabá. Na ocasião, disse que participaram o governador Pedro Taques e outros secretários estaduais. Guizardi aproveitou uma oportunidade de diálogo com Permínio para afirmar que empresários prestadores de serviços na educação fossem direcionados a ele para discutir propina.

A juíza Selma Arruda perguntou se Permínio Pinto tem conhecimento da delação de Giovani Guizardi. O ex-secretário disse que são parcialmente verdadeiras. Permínio disse que não é verdadeira a informação da divisão de propinas e negou que seja líder de organização criminosa. “Se existe algum líder, este líder não sou eu. Eu cometi um grave erro de omissão, de esconder e dar aval para que isto acontecesse”.

A magistrada perguntou quem seria o líder. Permínio disse que não pretende acusar ninguém e não tem conhecimento de quem seja o responsável pelo esquema criminoso. A magistrada questionou o que Permínio Pinto fazia com o dinheiro recebido. Ele disse que recebia o dinheiro e investia em assistencialismo político.

O promotor de Justiça Marco Aurélio Castro perguntou quando foi decidido que Permínio Pinto seria secretário e ele respondeu que foi anunciado no dia 14 de dezembro de 2014 após receber um telefonema da jornalista Ana Rosa Fagundes que trabalhava na assessoria de imprensa do governador Pedro Taques. Naquele dia, Permínio Pinto foi oficializado no cargo por meio de um anúncio público. No entanto, disse que já sabia que iria assumir o cargo, pois o empresário Alan Malouf se empenhou e teve papel decisivo em sua nomeação.

Em resposta a um dos questionamentos do Ministério Público, o ex-secretário disse que sempre foi adotado o termo “investimento” para tratar do dinheiro que foi aplicado por Alan Malouf na campanha eleitoral. Afirmou ainda que o esquema começou [ara retornar a Malouf as quantias em dinheiro e assim pagar as dívidas contraídas pelo empresário.

O Ministério Público perguntou se Permínio tinha conhecimento se o esquema de fraude já existia antes de assumir a secretaria de Educação. Ele disse que já ouviu comentários, mas ninguém nunca apresentou uma prova categórica. Permínio confirmou que o deputado estadual Guilherme Maluf foi responsável pela nomeação de Wander Luiz dos Reis e Moisés Dias. Ambos exerceram a Superintendência de Infraestrutura Escolar.

O ex-secretário disse ainda que a chefe do gabinete de Transparência e Corrupção, Adriana Vandoni, avisou informalmente a respeito do esquema de fraudes na secretaria. Mas assegurou que não havia mais esquema algum. “Eu fui até o Alan Malouf acompanhado do Fábio Frigeri e pedi que o Giovani Guizardi não fizesse mais a cobrança de propina e não aparecesse na secretaria”.

Ele disse que se arrepende de não ter entregado o cargo nos três primeiros meses de gestão. Ele disse que foi pressionado por Alan Malouf a aceitar o esquema de corrupção ou do contrário perderia a oportunidade de chefiar a Secretaria de Educação, o que sempre idealizou profissionalmente.

Permínio afirmou que na primeira semana em que estava preso, um dos diretores da cadeia tentou isolá-lo do contato com os demais detentos. Mas, seus advogados agiram a tempo para impedir que permanecesse encarcerado sozinho em uma cela separada dos demais detentos. Atualmente, divide cela com o ex-governador Silval Barbosa.

Ele assumiu ter ido duas vezes a sala comercial alugada em um prédio por Giovani Guizardi, no bairro Santa Rosa, em Cuiabá, para debater projetos. Revelou que o empresário Ricardo Sguarezzi o procurou um dia para informar que Guizardi estava pedindo propina para empreiteiros. "Nessa época, eu já estava tomando uma atitude para acabar com isto, mas legalmente não fiz nada".

"Eu fui ameaçado pelo Giovani no CCC. No meu primeiro dia de banho de sol, logo depois que fui preso, eu estava retornando da quadra e ele me esperava na grade com um folha de papel impresso que continha uma notícia de um dos sites de Cuiabá, cujo conteúdo dizia que eu faria colaboração premiada. Ele perguntou se era verdade, disse que não tinha coragem de fazer isso, que eu não era moleque, tudo em tom de ameaça".

Mais informações em instantes

(Atualizada às 16h23)

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