O coordenador do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), promotor Marco Aurélio de Castro, admitiu a existência de uma fila de pessoas interessadas em firmar acordos de colaboração em processos já existentes que apuram casos de corrupção em Mato Grosso. Ele participou, na última segunda-feira, do lançamento do novo Portal da Transparência da administração estadual, evento que também contou com a participação do juiz federal Sérgio Moro, responsável por boa parte das ações decorrentes da Operação Lava Jato.
Castro defendeu o instituto da colaboração premiada, afirmando que ele veio para ficar e está ajudando a mudar o Brasil. No caso de Mato Grosso, as colaborações já ajudaram a desvendar uma série de esquemas de desvio de recursos públicos, possibilitando a abertura de inquéritos e processos contra empresários, políticos e agentes públicos. “Nós já tivemos e temos operações em que a fila de delatores está imensa. Cabe ao Ministério Público verificar se, naquele caso, aquelas pessoas não estão usando o artifício da colaboração para se safar”.
O promotor destacou o cuidado tomado pelo Ministério Público Estadual (MPE) com as propostas de acordo feitas por candidatos a colaboradores. Segundo ele, a cautela visa evitar casos em que para fugir de eventuais punições, os acusados mintam ou omitam informações relevantes, como ocorreu com a Operação Ventríloquo. Nesta investigação, o advogado Joaquim Fábio Mielli Camargo teria omitido fatos que, após descobertos, identificaram outras pessoas suspeitas de terem se beneficiado com a fraude.
Por conta disso, atualmente, já tramita um pedido de rescisão do acordo, que será analisado pela Justiça. “A colaboração é um instrumento valiosíssimo que hoje é usado. Não são todos que têm o benefício da colaboração, mas a gente trata com equidade. O Gaeco tem sido muito criterioso com as colaborações”.