O empresário Giovani Guizardi, delator de fraudes em licitações da secretaria estadual de Educação nas obras de escolas, disse, em delação premiada ao Ministério Público, no último dia 16, que o deputado federal Nilson Leitão indicou Perminio Pinto Filho para ser o secretário e o servidor Fabio Frigeri, investigados e presos na operação Rêmora. Ele acusa Perminio de ordenar que fosse feito um depósito para Leitão. “Essa pulverização se deu da seguinte forma: em cada uma das oportunidades foram realizados vários depósitos que, somados, atingiam R$ 10 mil; essa determinação partiu de Permínio Pinto, em favor de Nilson Leitão”, diz Guizardi. Não foi citada a data que os depósitos supostamente teriam sido feitos.
Ele disse também que conversou com o servidor público Wander Luiz dos Reis, acusado de receber propina para ajudar as empreiteiras nas fraudes, e que ficou sabendo que "cinco cheques", resultados de um pagamento de propina, foram destinados a uma gráfica para quitar dívidas eleitorais. Mas Guizardi disse ao MP que “deduziu que seria de campanha de Leitão".
Ele também acusa o presidente da Assembleia, Guilherme Maluf, de ficar com 25% da propina arrecada junto às empreiteiras, que se sagravam “vencedoras” de licitações, e que o deputado era quem tinha o "real poder político" na secretaria de Educação. Ele também acusa o ex-secretário de Educação Permínio Pinto (que está preso) de ficar com mesmo percentual, 25%, o empresário Alan Malouf, com 25%, ele, Giovani, recebia 10% do bolo da propina e os ex-servidores Wander Reis e Fábio Frigeri recebiam 5% cada. 5% restantes eram usados para cobrir despesas do grupo criminoso.
A assessoria de Nilson Leitão divulgou nota rebatendo as acusações. Diz que "não conhece o delator e nunca teve nenhum contato com ele; nunca participou de qualquer reunião com qualquer político, secretário ou qualquer construtora para discutir obras da pasta da Educação; a 'dedução' do delator é no mínimo irresponsável, pois em depoimento ele tem que dizer o que sabe, e não sobre o que deduz ou imagina, como ocorreu; na delação não há nenhum tipo de comprovação sobre algum ato ilícito do parlamentar".
Leitão diz ainda que "não se especificou de que modo teriam ocorrido os aventados depósitos, o que impede o exercício do contraditório e da ampla defesa; mesmo com foro privilegiado, Nilson Leitão coloca o extrato bancário à disposição das autoridades e da sociedade, além de qualquer outra informação que venha colaborar com a justiça e a população; em respeito aos mato-grossenses, é importante que sejam investigadas as verdadeiras motivações daqueles que misturam denúncias verdadeiras com afirmações nitidamente falsas, sem nenhum tipo de comprovação, com o claro intuito de tumultuar as investigações", conclui.