O deputado estadual e prefeito eleito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), afirmou que jamais participou do esquema de desvio de recurso da Assembleia Legislativa conforme mencionado pelo ex-presidente do Poder Legislativo, José Riva. O depoimento de Riva confirmando desvios e apontando outros deputados como beneficiários foi dado, ontem, à juíza criminal da capital, Selma Arruda.
“Refuto e repudio veementemente as ilações maldosas divulgadas pela imprensa acerca do depoimento do senhor José Geraldo Riva, salientando que jamais participei do esquema de desvios mencionados pelo depoente, ou de quaisquer outros. Portanto, nunca recebi vantagem indevida de qualquer natureza, muito menos das empresas declaradas como “fantasmas”, que atuavam nas gestões do depoente na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso”, apontou Pinheiro por meio de nota.
Ele ainda apontou que “protocolei minha defesa preliminar antecipadamente, prestando assim os devidos esclarecimentos, inclusive juntando farta documentação, que comprovam a inexistência de quaisquer atos ilícitos, estando sempre à disposição da justiça, da imprensa e de toda sociedade para esclarecimento dos fatos, comprometido com a verdade”.
Segundo a nota, Pinheiro afirma que não figura como réu e foi apenas citado. “Trata-se de conteúdo de uma Ação Civil Pública proposta no ano de 2008, com fatos relativos ao ano de 2002. Portanto, há aproximadamente 15 anos do suposto fato, que se encontra ainda em fase de defesa preliminar e que ainda não houve qualquer decisão acatando a respectiva ação, muito menos decisão de mérito. Ou seja, não figuro como réu, tendo sido apenas citado”.
Riva confessou em novo depoimento no processo da operação Arca de Noé (desencadeada em 2002) crimes cometidos quando comandou o parlamento. "Vou fazer uma confissão para poder colaborar com a justiça". O Ministério Público apurou que 43 cheques foram emitidos pela Assembleia para empresas fantasmas no esquema de desvio de dinheiro.
Uma parte das cifras milionárias foi para uma empresa de factoring, do ex-bicheiro João Arcanjo, que está em presídio federal. Riva contou que os empréstimos começaram em 1995, quando se deparou com uma dívida de R$ 25 milhões, grande parte com factorings e que alega ter herdada do período quando Humberto Bosaipo (ex-presidente) e Gilmar Fabris (ex-primeiro secretário) comandavam a mesa diretora. E "culpou" Bosaipo.
"As empresas de fachada surgiram em 1999 e 2000. O Humberto Bosaipo me procurou e disse que tinha como resolver essas questões das contas com os fornecedores. Ele disse que tinha umas empresas que já existiam e outras criadas pelo Nilson Teixeira, Joel e José Quirino, que nos ajudariam. Foram emitidos cerca de 700 mil em cheques com essas empresas que pagou João Arcanjo", acusou Riva. Ainda de acordo com o ex-presidente, uma rádio pertencente a Arcanjo chegou a receber R$ 4 milhões da Assembleia "sem anunciar nada. Os cheques eram emitidos em nome das empresas e descontados, na boca do caixa, para atender interesses políticos, campanhas eleitorais e para pagar factoring".