Um grupo de parlamentares tem articulado, há várias semanas, a possibilidade de que o senador José Medeiros (PSD) lance seu nome à Presidência do Senado, em sucessão a Renan Calheiros (PMDB-AL). As tratativas foram confirmadas pelo próprio pessedista, atual vice-líder do governo Michel Temer (PMDB), que revelou ter conversado com outros colegas de Parlamento a respeito da possibilidade. A votação deverá ocorrer em fevereiro do ano que vem e o senador alagoano, que hoje comanda a Casa, não poderá disputar uma nova eleição.
Medeiros revelou que a possibilidade de lançar candidatura vem sendo discutida entre ele e outros três senadores, nenhum de Mato Grosso. Ele ressaltou que a ideia de disputar o comando do Senado é anterior ao julgamento, por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), que analisa a possibilidade da manutenção, ou não, de réus na linha sucessória da presidência da República. Mesmo com o julgamento suspenso, o entendimento majoritário dos ministros da Corte é a de que isso não pode ocorrer. “A gente vem conversando, tentando fazer alguma coisa alternativa, independente da questão do Supremo. Já era anterior, mas a gente vinha conversando. Eu e outros três senadores de fora estamos conversando sobre isso”.
Entre os motivos apontados pelo parlamentar para tomar tal iniciativa está a verificação de que há, em parte dos senadores, o descontentamento com os rumos da Casa, sobretudo nas questões internas. “A gente sente que há um grupo que não está alinhado, anda com um certo descontentamento com coisas internas do Senado. A gente tem conversado sobre isso e eu tenho levado a proposta para outros senadores. É bem possível que isso ocorra”. No Senado, o nome mais forte para a sucessão de Renan é o do também peemedebista Eunício de Oliveira, do Ceará.
Preocupado em evitar que as eleições para as presidências da Câmara e do Senado resultem em um racha na base governista, o presidente Michel Temer (PMDB) divulgou nesta sexta-feira (4) uma nota na qual diz que, a exemplo do que fez nas eleições municipais, não se envolverá no processo de escolha de candidaturas e de eleição das duas casas.
Sem explicitar a que reportagens se referia, Temer disse que “em razão de matérias veiculadas hoje pela imprensa” esclarece que manterá a “mesma conduta de não envolvimento no processo de escolha e eleição das futuras presidências do Senado Federal e da Câmara dos Deputados”.
Previstas para fevereiro de 2017, as eleições para as duas presidências já têm especulações sobre candidatos de diferentes partidos da base. Na avaliação do governo, essa disputa poderia colocar em risco a união da base governista.
Na nota, Temer diz ainda que seu governo “conta com o apoio de uma ampla base parlamentar, composta de um conjunto muito significativo de partidos, e entende ser de grande importância manter a união desta base de apoio, a qual tem sido fundamental para o avanço dos projetos de reconstrução da economia brasileira e de reformas em prol do povo brasileiro”.
Atualmente, a Câmara é comandada pelo deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ).