O ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto, confirmou a existência de um esquema de compra em duplicidade de uma área no qual gerou um prejuízo de aproximadamente R$ 7 milhões ao governo do Estado. Ele também disse ter recebido R$ 500 mil para autorizar o pagamento ilegal ao antigo dono da área. As revelações foram feitas em audiência com a juíza da 7ª Vara Criminal, Selma Rosane Santos Arruda.
Afonso abriu a audiência afirmando que a denúncia contra ele e os demais réus é verdadeira. Ele disse que, na época, a Casa Civil mandou o processo para a Secretaria de Cidades e não houve a avaliação solicitada. Assim, o processo retornou ao Intermat. O processo veio com um parecer técnico da Secretaria das Cidades, à época chefiada por Arnaldo Alves de Souza, informando que não era possível fazer a avaliação sobre o imóvel. O processo então foi encaminhado para à Casa Civil novamente.
Ele disse ter recebido R$ 500 mil pelo esquema por ter autorizado, enquanto presidente do Intermat, o pagamento da área de forma irregular sem seguir todos os trâmites necessários. O valor, segundo ele, foi oferecido pelo procurador aposentado Chico Lima.
Afonso informou que o valor foi repassado por Pedro Nadaf em duas situações diferentes, sendo R$ 250 mil em cada uma delas. “Eu peguei e guardei no bolso, nem conferi”, disse ao explicar que pegou o dinheiro e emprestou a um amigo cobrando juro de 1% ao mês.
Informou que o amigo vem devolvendo dinheiro aos poucos. Ele garante que o amigo que tomou o dinheiro emprestado não sabia a procedência. “Não falei nada para ele por uma questão vergonhosa minha e para que ele não tivesse a impressão de eu ser uma pessoa desonesta”. Enquanto o processo da compra do terreno estava parado, Afonso recebeu uma ligação de Silval Barbosa que queria saber como estava o andamento do processo.
Ele explicou sobre a participação dos demais réus, mas não comprometeu outras pessoas. Ele disse que não tinha contato com as demais pessoas, além de Chico Lima e Pedro Nadaf. Afonso Dalberto informou que já devolveu ao Estado, em maio deste ano, o valor de R$ 579 mil. Alegou estar arrependido e não tem mais nada a esconder.