Ela disse que não queria falar, mas iria escrever, com letra de mão! Aquilo que é feito com a mão tem muito de quem faz, fazer com as mãos é se dar.
Ela falou que gosta de desenhar pessoas, no máximo passarinhos, às vezes uma plantinha. Inclusive enfatizou o desejo de fazer uma festa de aniversário composta por girassóis. As coisas vivas são muito queridas a ela.
Contou que essas noites não está dormindo. Enunciou que tem um objetivo: passar a madrugada e ver o sol nascer. Ah! Volta com o sol, menininha, cheio de luz e inspiração, rompendo a escuridão. Faz escuro! Canta! A manhã vai chegar!
Afirmou que a avó lhe deu remédio, então dormiu. Não conseguiu alcançar seu objetivo, mas disse que não vai desistir. Ora! Se as coisas são inatingíveis não é motivo para não as querer, disse o poeta das coisas simples.
Ela disse que contaria, mas só se não prendessem ele, porque ele também tem uma filhinha. O amor é uma metáfora. “Amar é a gente querer se abraçar com um pássaro que voa.”
Descobri que a felicidade não é um estado.
É um lugar dentro da gente e a gente pode visitar quando quer. Isso vai contra tudo que escreveram e falaram sobre felicidade. Mas a menininha vai contra tudo que escreveram e faram sobre a vida. Então estou em boa companhia.
A violência dá tristeza. Não aquela tristeza normal que compõe nossa alegria. Uma tristeza pesada, afiada e amargurada. É preciso muita coragem para se manter alegre e em paz, não querer o mal para o outro, nesse mundo feroz dos homens.
Essa menininha, nesse depoimento especial, especialíssimo, deu-me a coragem de falar de amor e abraçar um pássaro que voa.
Ave, Menininha! Que Deus nos abençoe!