"Não ameacei ninguém. Nunca fui na casa do senhor Willians [Paulo Mischur], não sabia que ele pagava propina e nunca pedi nenhuma propina a ele. São todas falsas as acusações contra mim", afirmou o coronel da Polícia Militar, José de Jesus Nunes Cordeiro, que ocupou o cargo de secretário adjunto na Secretaria de Estado de Administração na gestão Silval Barbosa (PMDB). O depoimento dele foi dado, esta tarde, em audiência de instrução na Vara Criminal de Cuiabá.
O réu contestou o pagamento de propina pela empresa de Willians Paulo Mischur argumentando que a Consignum não recebia nada do Estado. Em sua avaliação, não haveria motivos para ceder e pagar propinas. “Para mim foi uma surpresa ver que a empresa pagava propina, desconhecia por completo. Não sabia que ela pagava propina e não recebi qualquer propina”.
Ele explicou que mantinha relações com a maioria dos réus que a juíza Selma Rosane apontou. No entanto, se limitou a dizer que com alguns do ex-secretários, réus na ação penal, mantinha relações profissionais para despachar sobre questões do governo envolvendo licitações e editais. Porém, afirma que não era nada ilegal.
Cordeiro foi acusado pelo Ministério Público Estadual de ajustar as licitações da Secretaria de Estado de Administração de modo que elas fossem benéficas para a organização criminosa chefiada por Silval Barbosa. Cordeiro negou tal fato e disse que só soube da existência de uma organização criminosa depois que foi denunciado e teve acesso aos autos.
Ele falou sobre um pregão envolvendo serviços gráficos, em 2012, no qual foi alvo de outra operação, a Edição Extra. Ele citou o caso de forma superficial para explicar o envolvimento do ex-prefeito de Várzea Grande e o recebimento de valores liberados por César Zílio para duas gráficas apontadas por Walace. "Ele [César Zílio] me falou que era para honrar compromissos políticos", disse Cordeiro respondendo questionamentos da promotora Ana Bardusco. Em resumo, o ex-adjunto da SAD confirmou que o ex-prefeito de Várzea Grande recebeu valores como sendo destinados a serviços gráficos, mas que o Ministério Público afirma que era propina para custear sua campanha política de 2012.
"Desconheço e não participo de nenhuma organização", reafirmou o coronel aposentado. Ele explicou questões técnicas envolvendo licitações. Afirmou que só soube da organização pelos depoimentos de Pedro Nadaf, Pedro Elias e César Zílio. Sustentou ainda desconhecer a compra do terreno de R$ 13 milhões adquirido por César Zílio usando dinheiro de propinas pagas por empresários vítimas da organização criminosa.