O ex-secretário de Estado de Administração, Pedro Elias de Mello, afirmou ter recebido propina para manter o contrato com a empresa Consignum durante a gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). A afirmação foi dada em depoimento, esta manhã, em audiência na 7ª Vara Criminal de Cuiabá. Mello é um dos delatores do "propinotudo" existente na gestão passada.
Elias disse que nunca se reuniu com o ex-secretário de Estado de Fazenda, Marcel de Cursi, e nunca repassou propina a ele. O ex-secretário adjunto da SAD relatou alguns encontros que ele presenciava entre os membros da organização. Ele chorou em vários momentos do interrogatório, confirmou que integrava a organização criminosa e negou que tenha acusado Rodrigo Barbosa, filho do ex-governador Silval Barbosa, de ter extraviado documentos importantes que poderiam ajudar nas investigações conduzidas pela Delegacia Fazendária (Defaz).
No entanto, Pedro afirmou que recebia a propina e repassava 85% dos valores para Rodrigo e ficava com os outros 15%. Relatou que recebia propina do empresário Júlio Minori Tisuji, dono da empresa Web Tech Softwares e Serviços Ltda, e repassava ao filho do governador. "Fiz isso três vezes".
Pedro Elias afirmou que integrava o 3º nível da organização criminosa. Isso, segundo ele, era definido pela atuação de cada um dos envolvidos. “Tinha gente que dava ordem, tinha gente que obedecia ordens. Eu não dava ordens, não decidi percentual, não decidi nada sobre valores. Eu só pegava o dinheiro e repassava", esclareceu ao responder questionamentos do advogado Leonardo Moro Bassil Dower, defensor do ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Cézar Corrêa, a respeito da hierarquia existente na organização.
Na última sexta-feira, prestou depoimento na mesma ação o ex-secretário da mesma pasta, César Zílio, que confirmou ter sido o "operador do esquema" e que recebeu R$ 8,8 milhões em propina de três fontes. Zílio ainda garantiu que o ex-governador Silval Barbosa "embolsava" 70% de todo dinheiro desviado dos cofres públicos e de propinas.
A expectativa da juíza Selma Rosane Arruda é também ouvir, ainda hoje, o ex-secretário de Estado de Indústria e Comércio e da Casa Civil, Pedro Nadaf. Na última audiência, ele começou a revelar detalhes do esquema que resultou na deflagração de várias operações.
A promotora Ana Cristina Bardusco e advogados dos demais réus – 17 no total – também farão questionamentos aos depoentes. Apesar de delatores, Zílio e Pedro Elias foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE).
(Atualizada às 14h45)