Subiu para 12 o número de vítimas da organização criminosa à qual o advogado e ex-vereador João Emanuel é acusado de se associar para aplicar golpes. A promessa que este bando fazia a empresários da agricultura, construção civil e outros setores, conforme investigações policiais, era de intermediar empréstimos em bancos fora do país a juros baixos para a realidade brasileira, mediante adiantamentos de dinheiro e títulos de crédito.
“Vendiam fumaça”, explica o delegado Flávio Stringueta, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). Segundo ele, pelo menos cinco das vítimas procuraram a polícia após a prisão de João Emanuel e mais quatro apontados como comparsas nos golpes, na sexta-feira (26), com a deflagração da operação “Castelo de Areia”, da Polícia Judiciária Civil.
Quatro vítimas já prestaram depoimento, antes da deflagração da operação, que foi adiantada para evitar a continuidade dos crimes. As outras serão ouvidas no decorrer da semana e das investigações que continuam, já que há indício da participação de outros no esquema, que teria movimentado 500 milhões.
As declarações das vítimas são parecidas, conforme a Polícia, e desenham a forma como a organização criminosa agia. Através de empresas, constituídas apenas com o intuito de viabilizar a enganação, aliciavam clientes, que acabavam caindo em golpes. “Uma farsa muito bem articulada”, comenta Stringueta.
Nas investigações policiais, João Emanuel aparece como o vice-presidente de uma das empresas monitoradas. Na presidência, encontram-se Shirlei Aparecida Matsucka e Walter Dias Magalhães Junior, um casal apontado pela polícia como um dos maiores golpistas de Mato Grosso. Foram presos também Marcelo de Melo Costa, apontado como colaborador e agenciador do esquema e que já foi candidato a deputado federal, e Evandro José Goular, representante financeiro do grupo empresarial farsante. O irmão de João Emanuel, advogado Lázaro Roberto Moreira Lima, foi conduzido coercitivamente.
Lázaro e o pai de ambos, ex-juiz Irênio Lima, aposentado compulsoriamente em 2012 por envolvimento no caso conhecido como “Escândalo da Maçonaria”, entraram com um pedido de conversão de prisão preventiva para domiciliar em favor de João Emanuel, que passou por uma cirurgia de próstata e por isso recebeu a ordem de prisão no Hospital Santa Rosa. Até o fechamento desta matéria, ainda não havia decisão no Judiciário. Ele será encaminhado à prisão assim que tiver alta, prevista para este domingo.