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Cuiabá: empresário diz em depoimento que foi ‘covardemente extorquido’ no governo Silval

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O empresário João Batista Rosa, do grupo Tractor Parts, prestou depoimento, no final da tarde, para a juíza criminal Selma Arruda e disse que foi "covardemente extorquido" e deu propina para a campanha de Silva Barbosa em 2010. "Uma pessoa chegou pra mim e falou assim: João o governo está te ajudando e agora você precisa ajudar o governo", afirmou, ao explicar que tinha direito a receber os R$ 2,5 milhões de créditos em ICMS (Imposto Circulação Mercadorias e Serviços)". Mas o governo ficava enrolando ele.

Ele explica que, em 2010, a Secretaria de Fazenda emitiu decreto tirando retroativamente todo o direito de quem usufruía de créditos de ICMS que as empresas de Rosa se beneficiavam. Ele, então, pleiteou o direito ao crédito que não conseguia mais utilizar desde 2005 quando passou a enfrentar dificuldades. O empresário disse tentou várias vezes, sem sucesso, na secretaria, receber. Em 2010, conseguiu falar com Silval e explicou sua situação. O peemedebista disse que, se ganhasse a eleição, depois resolveria o assunto. Em 2011, João Rosa alegou que voltou a procurar Silval para receber os créditos e foi direcionado para falar com Marcel de Cursi, titular da Sefaz, que disse que não tinha como pagar os créditos. Rosa então acionou Pedro Nadaf, secretário da Casa Civil, para ajudar. Foi então, que foi sugerido para ele pleitear o incentivo fiscal por meio do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic). No mesmo ano, as 3 empresas de Rosa foram enquadradas no Prodeic.

João Rosa apontou também que o ex-secretário Pedro Nadaf lhe pediu ajuda de R$ 2 milhões pra pagar dívida de Silval, que precisava de uma "ajuda". "Achei que fosse algo em torno de R$ 60 mil, mas ele (Nadaf) me falou que eles precisavam de R$ 2 milhões". Rosa disse que achou o valor muito alto, mas Nadaf o interpelou dizendo que o governo estava ajudando ele, mas que agora precisava ser ajudado também. João diz ter entendido como uma ameaça que, se não aceitasse efetuar os pagamentos, os benefícios do Prodeic de suas empresas seriam suspensos. Por mês, ele deveria pagar R$ 30 mil através de cheques.

O empresário também revelou que um dia estava em casa e o diretor jurídico da City Lar, Florindo José Gonçalves, foi lá e disse que estava a pedido de Nadaf. "Ele me falou: João, seu celular está grampeado". O alertou para tomar cuidado porque tudo estava sendo gravado e que ele quando quisesse falar com Nadaf que falasse com ele (Florindo) antes e que eles deveriam encontrar outro local para se encontrarem. Rosa foi alertado por Florindo que, ao invés de falar sobre reuniões, era para falar sobre "ar-condicionado". Explica que era "uma maneira de cifrar a conversa e parecer que era sobre compra de ar-condicionado. Mas eu não estava comprando ar-condicionado", esclarece Rosa. 

Além da juíza e promotora, João Rosa respondeu perguntas de advogados dos acusados. O advogado João Nunes da Cunha Neto, que defende o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, questionou sobre o faturamento de suas empresas no período em que receberam incentivos fiscais do Estado (2011 a meados de 2015). Ele esclareceu, visivelmente indignado e com o tom de voz alterado, que o faturamento bruto anual girava em torno de R$ 50 milhões, mas o lucro, segundo João Rosa, foi de R$ 9 milhões no período em que suas empresas se beneficiaram do Prodeic. O questionamento gerou um clima de tensão entre João e o advogado. O empresário tinha em mãos uma cópia de uma matéria veículada num site da capital onde constava que suas empresas teriam lucrado R$ 34 milhões no período. Rosa acusou o advogado João Cunha de ter repassado a informação "mentirosa. Argumentou o advogado quer desmorarizá-lo perante a sociedade.

William Khalil, advogado de Pedro Nadaf, lembra que seu cliente fez uma confissão na última audiência relativa à 1ª ação penal da Operação Sodoma e vai assumir a culpa nos casos em que tiver responsabilidade. Questionou se Nadaf já fez alguma ameaça contra o empresário. Rosa, por sua vez, respondeu que nunca foi ameaçado por Nadaf. 

João Rosa segue respondendo questionamentos do advogado Goulth Valente Souza de Figueiredo, defensor de Marcel de Cursi. Reafirma que nunca conversou com Cursi sobre pagamento de propina.

 

 

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