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Empresário afirma ter pago R$ 1,3 milhão em propina para ex-secretários estaduais no governo Silval

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O empresário Júlio Minoru Tisuji e delator na operação Sodoma abriu, esta tarde, a audiência de instrução e julgamento que tramita na 7ª Vara Criminal de Cuiabá. No total são 17 réus, entre eles o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), o ex-deputado José Riva, o ex-prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães e alguns ex-secretários de Estado. O empresário disse que pagou cerca de R$ 1,3 milhão de propina para dois ex-secretários estaduais.

Ele começou falando de um pregão que venceu em 2011 para prestar serviços ao governo e admitiu que já pagava propina no contrato anterior que tinha com o Estado. “Ele, Cézar Zílio, pediu ajuda e disse que era para custear campanhas”. A conversa, segundo o empresário, ocorreu no gabinete de Zílio. Antes ele pagava 15% e Zílio aumentou para 20% o valor da propina que o empresário deveria pagar.

Seria um pregão com 30 interessadas, mas no dia apenas quatro empresas foram, de modo que a dele sagrou-se vitoriosa, pois as outras presentes na abertura do pregão não apresentaram propostas.  A empresa dele atuava na compensação previdenciária do regime geral e também na questão previdência de advogados e pensionistas que obtiveram os benefícios antes da divisão do Estado.

Ele esclareceu que após vencer o contrato em 2011 já passou a efetuar os pagamentos de propina que geralmente eram feitos no próprio gabinete de Zílio. Pagava sempre em dinheiro, sendo que em apenas uma situação ele pagou em cheques. Alguns desses cheques acabaram sendo usados para a compra de um terreno por parte de Cézar Zílio. Ele relata que pagou para Zílio até ele se desligar da extinta Secretaria de Estado de Administração. Pedro Domingos Elias, ex-secretário adjunto da SAD, o procurou para informar que as propinas deveriam ser repassadas para ele.

O empresário relatou que após Pedro Elias assumiu a SAD, em 2013, ele continuou pagando as parcelas de propina. No final de 2014, segundo ele, surgiu uma pressão por parte de Pedro Elias exigindo mais pagamento e ele acabou emitindo 14 cheques, totalizando R$ 286 mil, que, segundo ele, não foram compensados. Eram valores pequenos. "Foi pedido assim que fossem pagos valores pequenos".

Júlio Minoru revela que pagou R$ 1,3 milhão em propina aos dois ex-secretários que passaram pela SAD no período de vigor de seu contrato com o Estado.  “Passei algo em torno de R$ 600 mil para o Cézar Zílio. Para o Pedro Elias devo ter passado algo em torno de R$ 700 mil”, esclarece o empresário citando que esses valores não incluem os cheques não compensados.

O delator esclareceu que embora mantivesse contato com o procurador Chico Lima, este nunca emitiu qualquer parecer no contrato que ele mantinha com o Estado. Ele negou ter sofrido qualquer tipo de coação ou ameaça por parte do procurador e diz que nunca foi intimado a pagar propina para ele. O empresário responde aos questionamentos do advogado João Cunha que defende o procurador do Estado aposentado e que hoje mora no Rio de Janeiro.

O delator confirmou que antes do governo de Silval Barbosa já havia a cobrança de propina envolvendo o contrato anterior que sua empresa mantinha com o Estado. Porém, não entra em detalhes. Ele respondeu aos questionamentos do advogado Valber Melo que faz a defesa do ex-governador Silval.

Ele negou ter sido ameaçado por Silvio Cézar Corrêa, ex-chefe de gabinete de Silval. Também disse que Silvio nunca exigiu propina dele diretamente. “Ficou claro tacitamente que quem vai cuidar da propina daqui para frente é Pedro Elias”, esclareceu o delator ao falar de uma reunião com Silvio na qual ele foi levado por Pedro Elias. Garante que na frente de Silvio Corrêa não foi tratado sobre qualquer valor propina. Ele nega conhecer o empresário Willians Paulo Mischur, dono da empresa Consignum, também colaborador na Operação Sodoma. Mischur também pagava propina ao grupo de Silval Barbosa e será ouvido como testemunha de acusação no processo.

A defesa do ex-secretário Pedro Nadaf fez questionamentos e o delator disse não saber informar se Nadaf  também fazia parte do esquema de cobrança de propina. Ele negou que Nadaf tenha patrocinado qualquer interesse dele e não sabe dizer se parte da propina paga a Cézar Zílio era repassada para Pedro Nadaf.

Sobre Marcel de Cursi, o delator não disse nada que comprometa o ex-secretário de Estado de Fazenda. "Faz muito tempo que nem converso com o Marcel", disse ele quando questionado se já recebeu alguma assessoria de Marcel de Cursi.

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