A Controladoria Geral do Estado (CGE) abriu um Processo de Apuração de Responsabilização (PAR) contra as cinco empresas acusadas de efetuarem pagamento de propina ao grupo político liderado pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Elas foram descobertas pela Polícia Civil, durante as três fases da Operação Sodoma, e, em caso de punição, podem ser proibidas de realizarem contratos com o serviço público.
O procedimento, cuja portaria de instalação foi publicada no Diário Oficial de quinta-feira (4), foi adotado com base na Lei Anticorrupção, regulamentada em Mato Grosso em abril deste ano. Serão alvo do processo as empresas Consignum, Webtech, Matrix Sat, Editora de Liz e E.G.P. da Silva ME. Contra todas elas, há indícios da prática de atos lesivos previstos nas leis anticorrupção e de licitações, como fraude em licitação, oferecimento de vantagem para afastar concorrentes, a obtenção de vantagens indevidas por conta dos contratos e a manipulação do equilíbrio econômico dos contratos firmados com a administração pública.
A Consignum, que gerencia a margem de crédito consignado dos servidores públicos, pertence ao empresário Willians Paulo Mischur. Preso pela Polícia Civil, ele decidiu firmar um termo de colaboração premiada e revelou ter feito pagamentos mensais de aproximadamente R$ 500 mil ao grupo de Silval para manter o contrato ativo. Uma estimativa da Polícia Civil dá conta que ele repassou, como propina, cerca de R$ 17 milhões.
Já a Webtech tem como um dos sócios Júlio Minoru Tsujii. Em depoimento, ele afirmou ter pago propina aos ex-secretários Cézar Roberto Zílio e Pedro Elias Domingos de Mello, que atuaram na Secretaria de Estado de Administração, e ao ex-secretário adjunto da pasta, José Nunes Cordeiro. Já a Matrix Sat, de propriedade do arquiteto José da Costa Marques, foi incluída no processo por conta da atuação junto a Zílio. Marques confirmou ter usado a empresa para ocultar a compra de um imóvel em Cuiabá, que seria de propriedade do ex-secretário.
Por fim, as Editora de Liz e E.G.P. da Silva ME, cujos donos, Antônio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes, foram conduzidos coercitivamente na segunda etapa da investigação. Eles teriam repassado propina que favoreceu o ex-prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães (PMDB), na disputa municipal. O peemedebista acabou cassado pela Justiça Eleitoral.