O servidor da Assembleia Legislativa e assessor do deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), Odenil Rodrigues de Almeida, confirmou que recebeu R$ 50 mil durante depoimento, esta tarde, na ação penal relativa a operação Ventríloquo sobre desvios no Poder Legislativo estadual. Ele afirmou que foi ao banco e soube que o depósito veio das contas do advogado Joaquim Mielli.
Ele relatou que foi procurado pelo réu Márcio Bastos Pommot que lhe pediu o número da conta dele. No mesmo dia recebeu o depósito de R$ 50 mil, sacou o dinheiro e passou a Anderson Flávio de Godoi, conforme as orientações iniciais repassadas por Pommot. Ele disse que não sabia para que era e nem perguntou, apenas cedeu a conta por receio de perder o emprego. Almeida também afirmou que Pommot não explicou a origem do dinheiro bem como Anderson de Godoi também não deu explicações sobre a origem e nem destino dos valores. Conforme Odeniel, Anderson de Godoi o procurou na própria Assembleia Legislativa e disse que o dinheiro era dele.
Questionado pelo advogado de José Riva, Odenil disse que não sofreu nenhuma pressão e nem intimidação, mas ficou temeroso em não fornecer sua conta quando foi solicitada por Pommot. Afirmou também que não conhecia o réu Anderson de Godoi. Sobre o saque do dinheiro, Odenil garantiu que efetuou a retirada no terminal da Assembleia Legislativa.
Odenil confirmou que já fez doações à campanha eleitoral de Guilherme Maluf, mas não deu mais detalhes. À época dos fatos, Odenil disse que tinha renda entre R$ 3 mil e R$ 4 mil e tinha outra renda de cerca de R$ 1 mil que vinha de um hospital particular ligado a Maluf. Ele também confirmou que entrou na Assembleia em 2008 por indicação de Maluf, atual presidente do Legislativo Estadual.
O advogado de Anderson de Godoi apontou "contradições em suas informações e relatos". “Servidor da Casa é subordinado a todos os secretários”, disse Odenil quando foi questionado pelo advogado. Diante da insistência da defesa de Godoi, Odenil diz que está ficando nervoso e que na verdade ele recebeu os R$ 50 mil em suas contas no dia 25 de fevereiro de 2014 e no dia seguinte, em 26 de fevereiro, foi procurado por Anderson Flávio de Godoi cobrando o dinheiro que seria dele.
Odenil foi questionado pelo advogado de Anderson Flávio de Godoi sobre o porquê de ser apontado na imprensa como “fiel escudeiro de Guilherme Maluf”. Ele alega não saber o motivo, nega frequentar a casa de Maluf e reafirma que conhece o tucano porque era patrão dele. No hospital, alega que desempenhava a função de auxiliar administrativo e fora contratado pelo setor de Recursos Humanos do hospital. Na Assembleia entrou em 2008 e diz que foi indicado por Maluf, pois o tucano o considerava uma pessoa séria e idônea. Mas afirma não ser intimo e nem amigo pessoal de Guilherme Maluf.
A defesa de Márcio Pommot questionou se Odenil estaria com medo de perder o emprego. Ele disse que tem medo de perder o emprego na Secretaria de Serviços Legislativos da Assembleia, onde está lotado atualmente. À época dos fatos, em 2014, Odenil revela que era subordinado ao deputado Mauro Savi (PSB). Odenil alega que nem lembrava que havia emprestado sua conta para receber os R$ 50 mil em fevereiro de 2014 e veio a relembrar ao ser citado em matérias na imprensa.