O ex-ministro dos governos Dilma e Lula, Paulo Bernardo, foi preso nesta quinta-feira (23) em um desdobramento da Operação Lava Jato. Um mandado de busca e apreensão também está sendo cumprido na casa da senadora Gleisi Hoffmann, em Curitiba, sua esposa.
O ex-ministro Carlos Gabas e o jornalista Leonardo Attuchl, dono do site Brasil 247, são alvos de condução coercitiva. As sedes do Partido dos Trabalhadores (PT) em Brasília e São Paulo são alvos de buscas, assim como a residência de Gabas.
A Polícia Federal, em ação conjunta com o Ministério Público Federal e a Receita Federal do Brasil, deflagrou a Operação Custo Brasil para apurar o pagamento de propina, proveniente de contratos de prestação de serviços de informática, na ordem de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015, a pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos ligados ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).
Estão sendo cumpridos, ao todo, 11 mandados de prisão preventiva, 40 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de condução coercitiva nos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal, todos expedidos, a pedido da PF, pela 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo.
Há indícios de que o MPOG direcionou a contratação de uma empresa de prestação de serviços de tecnologia e informática para a gestão do crédito consignado na folha de pagamento de funcionários públicos federais com bancos privados, interessados na concessão de crédito consignado. Segundo apurou-se, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência no MPOG por meio de outros contratos – fictícios ou simulados.
O inquérito policial foi instaurado em dezembro de 2015, após a decisão do Supremo Tribunal Federal para que a documentação arrecadada na 18ª fase da Operação Lava Jato, conhecida como Pixuleco II, fosse encaminhada para investigação em São Paulo. Os investigados responderão, de acordo com suas ações, pelos crimes de tráfico de influência, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com penas de 2 a 12 anos de prisão.
Os presos e o material apreendido serão encaminhados à sede da Polícia Federal em São Paulo. As pessoas conduzidas coercitivamente são ouvidas nas instalações da PF mais próximas dos locais em que forem encontradas.
Gleisi e Paulo
Paulo Bernardo e Gleisi foram indiciados pela PF em março por suspeitas de a campanha da parlamentar para o Senado em 2010 recebeu dinheiro de propina proveniente da Petrobras. O doleiro Alberto Youssef, delator da Lava Jato, chegou a afirmar, em delação premiada, que teria entregue R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi por determinação do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Youssef afirmou que Gleisi tinha conhecimento das transações e que o marido dela teria pedido ajuda para a campanha. O repasse também foi confirmado por Paulo Roberto Costa em depoimento. Segundo a PF, há “indícios suficientes” para acusar o casal e as conclusões foram anexadas inquérito 3979, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), decorrente da Lava Jato.
A PF esteve na casa de Gleisi nesta manhã, em Curitiba.