A Justiça de Mato Grosso homologou a colaboração premiada do ex-secretário Cézar Roberto Zílio, um dos delatores da operação Sodoma. Pelo acordo, ele deverá devolver aos cofres públicos R$ 1,3 milhão, além de abrir mão da propriedade de um terreno, localizado na avenida Beira Rio, que teria sido comprado com recursos oriundos de propina. A área, que receberia um shopping popular, está avaliada em R$ 13 milhões.
Mesmo com a delação, que teria sido juntada ao processo, ontem, o ex-secretário seguirá como um dos réus do processo, atualmente em andamento. O montante devolvido por Zílio foi, conforme o acordo, dividido em cinco parcelas semestrais de R$ 270 mil. O primeiro pagamento deverá ser feito já no mês de junho. O valor foi definido com base no montante que Zílio confirmou ter recebido como propina, no período em que comandou a então Secretaria de Estado de Administração (SAD).
Um dos itens do acordo foi modificado pela Justiça e tratava da possibilidade de que o ex-secretário não fosse processado pela participação no esquema. Ele seguirá como réu, mas tem a garantia de redução de pena em uma eventual condenação e pode até receber o perdão judicial, se este for o entendimento no momento da sentença.
Zílio foi preso na segunda etapa da operação Sodoma, em 11 de março deste ano. Ele foi descoberto depois que a Polícia Civil rastreou a destinação dos cheques emitidos pelo empresário João Batista Rosa ao também ex-secretário Pedro Jamil Nadaf.
Com estas informações, os investigadores da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) chegaram a um arquiteto que afirmou em depoimento ter adquirido um terreno para ocultar, por questões comerciais, a propriedade do real comprador, Zílio.
Onze dias depois, a juíza Selma Rosane Santos Arruda, titular da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, converteu em prisão domiciliar a preventiva do ex-secretário, que ela havia decretado, já que Zílio decidiu colaborar com as investigações da Polícia Civil e revelar detalhes de outros esquemas.
Um deles tratava do pagamento de propina por parte do empresário Willians Paulo Mischur, que também foi preso e decidiu colaborar com as investigações. Parte do dinheiro repassado pelo empresário também foi usado pelo ex-secretário na compra do terreno.
Entre outras coisas, Mischur afirmou que esteve em duas oportunidades pessoalmente com o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) para tratar do pagamento de propina, estimado em R$ 500 mil a R$ 700 mil, desembolsados mensalmente para manter seu contrato com o Estado. Conforme o empresário, na época era Zílio quem comandava a extinta Secretaria de Administração e era o responsável, num primeiro momento, por receber os valores da propina.
Porém, num determinado momento, Zilio já não estaria sendo leal a Silval Barbosa e dessa forma quem passou a ser o responsável pelo recebimento dos valores e fiscalizar se as propinas estavam sendo repassadas na forma correta foi o ex-secretário de Administração, Pedro Elias Domingos de Mello.