O empresário Giovani Guizardi, preso na última semana em decorrência da operação “Rêmora”, recebeu nos anos de 2015 e 2016 mais de R$ 6 milhões por serviços prestados ao Estado. A informação consta no sistema de pagamentos do governo, o Fiplan. Além disso, análise preliminar da Secretaria de Estado de Infraestrutura aponta que a empresa tem, em várias obras de pavimentação e duplicação, R$ 93 milhões, em processos licitatórios realizados pela gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Os contratos estão sob análise após determinação do governador Pedro Taques (PSDB).
Giovani é apontado pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) como peça-chave do esquema que fraudava licitações de obras no âmbito da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Ele atuaria como elo entre os grupos de agentes públicos e empresários e, segundo alguns donos de construtoras, era o responsável pela liberação por medições nas obras. O pagamento só era efetuado pela Seduc mediante o pagamento de um “pedágio” de 5%, percentual que baixou para 3% após reclamação dos empresários. Ele não mantinha contrato com a Seduc.
Já com a Sinfra, que herdou os trabalhos realizados pela antiga Secretaria de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu), a empresa de Giovani conta com cinco lotes. Conforme a assessoria da pasta, após análise do Instrumento Contratual nº 038/2010/SETPU, a Sinfra expediu ordem de reinício para a construtora executar os serviços de duplicação da rodovia Palmiro Paes de Barros (MT-040), ligação de 23,16 km entre Cuiabá e Santo Antônio de Leverger.
Por conta de irregularidades identificadas em 2015 pela atual gestão da Sinfra, a empresa chegou a ser multada pelo Governo do Estado para que corrigisse as imperfeições detectadas ao longo do pavimento. Agora, passado o período chuvoso, as máquinas retomaram ao canteiro de obras. Conforme o planejamento técnico feito pela Sinfra para 2016, a construtora deverá executar a duplicação de aproximadamente quatro quilômetros entre o fim do atual trecho duplicado da MT-040 e o entroncamento com a Rodovia Imigrantes (BR-070).
Além disso, a empresa deverá terminar de revitalizar o trecho pavimentado até o início de Santo Antônio de Leverger. A previsão deste contrato de R$ 28 milhões é que todo o trabalho seja finalizado em 2017. A secretaria também identificou que existem outros dois lotes de obras de pavimentação do antigo MT Integrado, que foi absorvido pelo atual Pró-Estradas. O primeiro, de R$ 26 milhões, é referente à obra na MT-423, entre Cláudia e União do Sul, e o segundo prevê a pavimentação na MT-208, próximo a Aripuanã, orçada em R$ 39 milhões. As obras não estão em andamento. Para este ano, o Estado não possui recursos financeiros para ambas.