O senador mato-grossense José Medeiros (PSD) vai contraditar a questão de ordem pedida pela senadora amazonense Vanessa Grazziotin (PCdoB) à presidência da Comissão que analisa o impeachment no Senado Federal, a qual faz parte, visando anular o processo que transcorre e que pode culminar na saída da presidente Dilma Roussef (PT) por crimes de responsabilidade.
Medeiros afirma que, tendo em vista que o processo que está nas mãos da Comissão já foi alvo de várias intervenções da base governista, com os mesmos argumentos de Graziottin, e tiveram derrotas seguidas na análise do Supremo Tribunal Federal (STF), a nova intervenção da senadora sinaliza apenas mais uma manobra para protelar o impeachment.
“O Brasil não aguenta mais esta indefinição. Esta marcada para a próxima semana a apresentação do parecer da relatoria da Comissão e logo em seguida a votação democrática dos membros e posteriormente uma nova votação em plenário para definir se a presidente é afastada ou não. Isto nos primeiros 15 dias de maio. A senadora está claramente querendo por pedras no caminho na tentativa de “judicializar” algo já avalizado pelo STF e quem perde é o Brasil, que há meses está com a pauta travada. Vamos intervir”, garantiu Medeiros.
Mesmo que o presidente da Comissão, Raimundo Lira (PMDB), acate o pedido de Graziottin, a nulidade ainda teria de passar por uma votação entre os 21 membros.
Na última sexta-feira, durante oitiva do advogado geral da União (AGU), Eduardo Cardozo, que realizou à Comissão, por mais de dez horas corridas, a ampla defesa da presidente Dilma Rousseff, ao lado de ministros, Medeiros indagou se a presidência não acredita na capacidade jurídica de análise do STF, em decorrência da insistência do argumento do golpe.
“A AGU já teve seguidas derrotas no STF tentar implantar ilegalidade neste processo de impeachment e obviamente não conseguiu porque estamos apenas cumprindo a Constituição. Então ver o advogado da União, que ao meu ver nem deveria estar fazendo a defesa pessoal da presidente Dilma, chamar isto de golpe é entender que ele também acha que os ministros do STF são golpistas. Se acha, a culpa é do próprio PT que indicou a maioria da corte”.