Os veredores aprovaram, ontem à noite, por 8 votos a 6, projeto encaminhado pelo prefeito Juarez Costa, autorizando usar outro material para ser feita pavimentação asfáltica nos novos loteamentos. A lei atual exige que seja o CBUQ – concreto betuminoso usinado a quente – e, com a mudança, a prefeitura libera uso de outro material na capa asfáltica como o TSD – Tratamento Superficial Duplo-. Na justicativa enviada aos vereadores, Juarez reconhece que o CBUQ " é um revestimento de alta qualidade" mas cita que o "preço de sua execução é considerado alto para os padrões o que onera ainda mais os lotes para o consumidor final". Ele deixa a critério de cada loteador usar outro revestimento.
Foram contrários ao projeto os vereadores Dalton Martini, Hedvaldo Costa, Fernando Assunção, Wollgran Araujo, Roger Schalemberger e Julio Dias.
Wollgran Araujo (DEM) considerou a decisão de Juarez "um retrocesso. Estão abrindo mão da melhor qualidade. E ainda o projeto chegou em regime de urgência. O prefeito deixa, no projeto, ser opcional o revestimento. O CBUQ, por exemplo, tem 10 anos de garantia. Outros revestimentos mais baratos duram 5 anos, como o TSD, ou menos. Não tô entendendo o prefeito. Primeiro, ele lutou para implantar o CBUQ e agora acaba o que ele mesmo defendia", criticou Wollgran. "Futuramente, há risco de surgir bem mais buracos em bairros asfaltados. A situação pode ficar ruim para o próximo prefeito. O que foi aprovado é um atraso", acrescentou. "O que define para o consumidor a compra de terreno é a lei da oferta e da procura", expôs o vereador, ao rebater o argumento de Juarez.
O vereador Hedvaldo Costa (PSB) considerou "muito estranho o fato de, em 2014, ter sido implantado o melhor asfalto, o CBUQ, cuja manutenção é a longo prazo conforme o engenheiro da prefeitura veio, na época, nos explicar. Agora, a prefeitura manda projeto que pode diminuir a qualidade de asfalto, liberando fazer asfalto que, em alguns casos, pode ser uma casca de ovo. Votei contra porque mantive minha coerência em 2014, quando aprovamos o asfalto com CBUQ. A explicação do prefeito, que com outros materiais vai baixar preço de terreno, não me convence. Vai baixar o custo de quem vai fazer o asfalto", criticou.
A AELOS – Associação dos Loteadores de Sinop – informou, ao Só Notícias, que apresentou para a prefeitura, há alguns meses, um estudo colocando o asfaltamento de TSD como opção e apontando que CBUQ impactaria entre 30 e 40% no valor do asfaltamento nos novos loteamentos. "Esse percentual seria repassado no preço do terreno que, consequentemente, teria valor maior. A associação entendeu que pode ser usado o TSD, que tem excelente qualidade e durabilidade, planejado para ter a mesma vida útil que o CBUQ. Independente do revestimento, sendo uma obra bem feita, os dois têm boa durabilidade", defendeu o presidente Tiago Trevisol. "Como o momento econômico é difícil, essa medida vai resultar no preço final do terreno para o consumidor", acrescentou.
O presidente também disse que, embasada em estudos técnicos, "a manutenção do CBUQ é muito mais cara do que se o asfalto fosse feito em TSD. O Jardim Maringá, que tem asfalto em TSD, por exemplo, está aí há 20 anos e não tem problemas. Então, se for obra bem feita tem longa durabilidade. Se a obra não for bem feita com CBUQ, também vai dar problema logo. Analisamos a questão técnica e financeira. Tanto para a prefeitura dar manutenção quanto para o loteador fazer a pavimentação nos novos loteamentos fica mais oneroso sendo exigido só o CBUQ, que não está descartado, pode continuar sendo usado. Mas, com essa mudança, fica a critério de cada loteador definir qual revestimento aplicar", acrescentou.
"Não é um retrocesso. Agora, foi facultada uma opção que é usar revestimento TSD, que vinha sendo usado antes de 2014. Desde que a lei exigindo CBUQ vigorou, desde setembro de 2015, não temos conhecimento de novo loteamento tendo asfaltamento de CBUQ", concluiu o presidente.
O projeto foi aprovado, ontem à noite, em regime de urgência e agora vai para a sanção do prefeito.