Gestor da Secretaria de Estado de Cidades (Secid), Eduardo Chiletto afirma que, se pudesse escolher, preferiria investir em saneamento básico de municípios matogrossenses à implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). De acordo com o secretário, os principais eixos da pasta são saneamento, habitação e mobilidade e que o modal foi um problema deixado pela gestão anterior, que ele teve que assumir.
Estudo realizado pela secretaria aponta que 28 municípios localizados na fronteira do Estado não possuem nenhum tipo de saneamento básico. Com o valor já pago pelas obras do modal, mais de R$ 1 bilhão, este problema seria solucionado em pelo menos 16 cidades, ressalta Chiletto. Em entrevista ao jornal A Gazeta, o gestor da Secid fez apontamentos sobre várias obras que eram para ter sido entregues antes da Copa do Mundo 2014. Em se tratando do VLT, ele não hesitou em falar que a
implantação do modal foi totalmente precipitada e impensável. “A gestão passada nos deixou um enorme problema e agora temos de pensar em uma forma do Estado e a população não ficarem no prejuízo por causa de um meio de transporte que não faz nenhuma falta para a mobilidade urbana. Muito pelo contrário, que deixou o trânsito entre Cuiabá e Várzea Grande ainda mais precário”.
Chiletto pontua que o VLT foi uma consequência da uma má gestão, que acabou entrando no pacote de atuação da secretaria. Segundo ele, o valor de R$ 2,2 bilhões que poderiam ter sido gastos com o modal, daria para deixar o sistema de água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos em perfeito funcionamento em 28 municípios fronteiriços do Estado. “Com o valor que estamos estimando para o gasto com o VLT, daria para deixar 16 municípios com o saneamento básico 100%. A cada um real investido em saneamento é menos quatro gasto em saúde. Ou seja, cidadãos teriam água de qualidade e tratamento de esgoto, o que, consequentemente, afetaria positivamente a saúde”.
Depois da análise dos relatórios da KPMG, entregues na última semana ao governo, Chiletto diz que irá estudar como será tocada a obra do VLT. “Quando o governador assumiu o Estado, se comprometeu a concluir todas as obras e o VLT está dentro desse pacote, porém não podemos finalizá-lo a qualquer custo”. Além da comparação com o saneamento básico, o gestor da Secid também exemplifica o gasto com a implantação do modal com a construção de unidades hospitalares. “Se para colocar o modal para rodar for necessário o valor de R$ 50 milhões por ano, por exemplo, seria o custo de um hospital regional de média complexidade. Imagina se firmamos uma parceria pública privada (PPP) de 20 anos, isso representaria um hospital por ano”.