O senador José Medeiros (PPS) criticou o modelo de concessão da BR-163, em Mato Grosso. Segundo o parlamentar, o governo federal, “em razão de um viés ideológico”, teve “medo” de conceder totalmente a rodovia para a iniciativa privada, o que, segundo ele, tem gerado uma série de transtornos para os usuários. “O que ocorreu foi que metade ficou com o Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) e outra metade com a concessionária. A iniciativa privada fez sua parte e começou a cobrança de pedágio. O poder público não terminou a parte dele. Agora o usuário paga para utilizar uma pista esburacada. É um modelo falido”, afirmou, em entrevista na nova sede de Só Notícias.
O parlamentar garantiu que tem acompanhado a situação das obras da rodovia na região Sul do Estado, especificamente em Rondonópolis, onde uma audiência pública acabou sendo realizada para ouvir as reclamações da população. Na ocasião, a principal queixa era sobre a precariedade da pista entre Rondonópolis e Cuiabá, onde três praças de pedágio estão instaladas. “Foi muito importante este encontro. Estamos vendo alguns resultados, inclusive, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) assinou convênio com a concessionária para conservação da rodovia. Serviu para dizer ao governo federal que estamos observando. Se os problemas não forem solucionados, vamos entrar na justiça e suspender a cobrança”, alertou.
Durante a audiência, o diretor de Operações da concessionária, Fábio Abritta, apresentou o cronograma de recuperação da rodovia e destacou que as obras estão chegando ao município de Jaciara (144 quilômetros de Cuiabá). Segundo ele, mais de 130 homens estão trabalhando para resolver o problema nos pontos mais críticos da estrada. O prazo de conclusão dos trabalhos é de 9 meses.
Com relação à duplicação, o superintendente do Dnit em Mato Grosso, Orlando Fanaia, disse que a obra está em ritmo lento em função do atraso no pagamento das empreiteiras que executam a obra. De acordo com os dados apresentados, em janeiro, o governo federal pagou mais de R$ 1 bilhão para as empreiteiras em diversos Estados. A previsão é que até o final deste mês, seja quitado mais R$ 1 bilhão. “Com isso, acreditamos que as obras paralisadas em Mato Grosso serão retomadas”, garantiu.
A audiência reuniu representantes da sociedade, do Dnit, da Rota Oeste, prefeitura, câmara, Assembleia Legislativa, Ministério Público Federal, Justiça Federal e sindicatos.