O empresário Robison Todeschini, um dos proprietários da empreiteira Constil Construções e Terraplanagens, revelou ao Ministério Público Estadual (MPE), que seu sócio, Bruno Simoni, disse que devolvia metade do valor pago pela Prefeitura de Cuiabá pelo serviço de tapa-buraco a contas indicadas pelo ex-prefeito Chico Galindo (PTB). O depoimento, disponibilizado pelo site Mídia News, foi prestado ao promotor André Luís Almeida, no último dia 28 de janeiro. O caso é investigado desde o mês passado, depois que Almeida, diante de indícios, instaurou inquérito civil público. Galindo nega todas as acusações.
As investigações foram iniciadas após o compartilhamento de provas obtidas durante a Operação Ararath. Em 2014, os agentes da Polícia Federal ouviram Todeschini que, pela primeira vez, revelou a existência de um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Cuiabá, que teria ocorrido até o ano de 2012.
Ao promotor, o empresário teria contado, conforme publicação do site, que em 2012, após encontrar indícios de gestão fraudulenta na condução dos negócios da construtora, passou a fazer parte da diretoria da empresa. A primeira iniciativa foi acompanhar todos os desembolsos e pagamentos feitos, que só poderiam ocorrer mediante a apresentação de duas senhas, uma em seu poder e outra de conhecimento de seu sócio.
Mesmo com este controle, Todeschini notou a transferência de R$ 1 milhão para outra conta, fato que se repetiu no mês seguinte. Suspeitando das duas transações, o empresário requisitou cópia dos extratos de movimentação financeira, encontrando também cheques administrativos compensados com valores entre R$ 49 mil e R$ 354 mil. Ele procurou Simoni para saber do que se tratavam as transferências, momento em que recebeu como resposta a informação de que as operações tinham como objetivo a devolução de 50% dos valores pagos pela prefeitura.
Segundo o relato publicado no site, a triangulação ocorria quando Bruno depositava os cheques na conta de uma das empresas que era sócio, aguardando instruções de Galindo para pulverizar o dinheiro em outras contas bancárias. Conforme Todeschini, a devolução era possível porque embora a prefeitura pagasse pela realização de 100% dos serviços, a empresa realizava apenas metade da manutenção, ficando o município responsável pela outra metade.
Por meio de nota, Galindo, que assumiu a prefeitura em 2010 após a renúncia do ex-prefeito e hoje deputado estadual Wilson Santos (PSDB), negou todas as acusações. O petebista afirmou que não conhece e nunca conversou com o referido empresário, que em nenhum momento recebeu qualquer tipo de vantagem ilícita ou que tenha indicado contas bancárias de terceiros para tal recebimento.
“É fácil fazer acusações levianas, mas quero que ele prove e demonstre as contas que por mim teriam sido indicadas, segundo ele. Por fim, reitero que estou à disposição tanto do Ministério Público, quanto da Justiça, para prestar quaisquer esclarecimentos se convocado”