Os prefeitos de Santa Carmem, Rodrigo Audrey Frantz e do município Vera, Moacir Luiz Giacomelli apontaram, em entrevista, ao Só Notícias, que os produtores rurais recuaram da parceria através da qual ajudariam pagar os custos de R$ 600 mil do projeto arquitetônico, de análise de terreno, licenciamento ambiental entre outros itens exigidos pela secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra) para fazer a licitação de R$ 21 milhões visando asfaltar cerca de 30 quilômetros da rodovia estadual, que liga as duas cidades. Segundo os gestores, a "interferência e o desgaste político" ocorreu após o produtor rural e presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan, apontar que o valor do projeto estava acima do normal e que conseguiria com outra empresa, em Sinop, por R$ 250 mil. Com isso, os agricultores desistiram de fazer o repasse de R$ 600 mil.
“Passamos esse ano fazendo várias reuniões e acertamos o valor que seria dividido entre os produtores. Esse projeto é necessário para poder licitar o asfaltamento. Quando iniciamos a arrecadação, ficamos sabendo dessa interferência do Galvan com uma proposta diferente. Como havíamos feito um trabalho longo de conversação e acerto para conseguir asfaltar a rodovia, acabou que houve esse desgaste. Esse projeto que fizemos é completo e exigido pela Sinfra. Ele pode até conseguir por menos, mas não é da formar que Sinfra quer. São várias as exigências e com essa interferência acabamos retroagindo novamente. Agora deixaremos por conta da Aprosoja resolver o problema”, afirmou o prefeito de Santa Carmem, Rodrigo Frantz.
Moacir Giacomelli afirmou que projeto de asfaltamento é o mesmo de 2008 e que precisou passar por um readequação e equiparação do valor de mercado. “Nós conseguimos recuperar o projeto que demos início ainda na minha gestão passada. O governador havia sinalizado se os produtores pagassem o projeto, ele faria a licitação da obra. Esse projeto teve adequação de planilha e negociamos com uma empresa por R$ 600 mil. Quando os produtores da comissão saíram para fazer a arrecadação para liquidar o projeto, descobriram que teve uma interferência do Galvan. Ele questionou que uma empresa de Sinop faria por R$ 250 mil, (muitos) agricultores acreditaram no Galvan e ‘esfriaram’ o negócio”.
O prefeito de Vera informou ainda que uma audiência com o governador Pedro Taques (PSDB) está agendada para janeiro e conseguir asfaltar o trecho sem participação dos produtores. “Vamos buscar outra solução agora para dar continuidade no projeto sem interversão da Aprosoja. Serão os dois municípios diretamente com o governo. Essa interferência nos prejudicou muito. É um lástima. A interferência dele teve peso e quem perde é a sociedade”, criticou.
O asfaltamento na rodovia, além de reduzir custos com frete, vai valorizar as fazendas no eixo da 140 e proximidades.
Outro lado
O presidente da Aprosoja foi procurado por Só Notícias, negou qualquer tipo de interferência e afirmou que agiu como produtor e que possui terras na região próxima da rodovia. “Achamos o valor um tanto absurdo e não fizemos intervenção nenhuma. Eu tenho propriedade próxima da rodovia. Nós estamos acompanhando de perto e fomos fazer um orçamento com outra empresa sobre isso. Foi nos repassado que eles fariam esse projeto por R$ 250 mil. A conversa que houve foi essa. Se tem possibilidade de pagar um valor menor não há necessidade de pagar R$ 600 mil”, rebateu.
De acordo com o Galvan, o secretário de Infraestrutura e Logística, Marcelo Duarte, já se comprometeu em liberar um convênio de R$ 400 mil para fazer o projeto. “Nós já pagamos tantos impostos e ainda temos que bancar projeto para asfaltar rodovia. Além disso, algo tão caro. Já conversamos diretamente com o Marcelo. Ele vai liberar um convênio com um dos municípios de R$ 400 mil para fazer o projeto. O Estado é quem vai pagar. É o correto. Ou seja, essa situação já está superada para acabar com essa divergência. Não vejo fundamento nessa situação de que houve interferência. Gosto de valorizar o dinheiro e não gostei de terem colocado o nome da Aprosoja. O apontamento foi feito pelo produtor e não pelo presidente da entidade”, concluiu.