A Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) emitiu hoje uma nota à imprensa criticando a decisão do Ministério da Agricultura em antecipar o calendário de plantio de soja em Mato Grosso para o dia 1º de setembro. A entidade manifestou preocupação com a possível propagação da ferrugem asiática e apontou que a medida “coloca em risco a principal cultura agropecuária”.
Segundo a Aprosoja, o pedido para antecipar o plantio partiu da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e foi atendido pelo Ministério da Agricultura, que notificou a decisão na última quarta-feira (16). A Aprosoja detalha ainda que, no mesmo ofício, o governo federal orientou uma avaliação “conjunta entre o setor produtivo e as instituições oficiais de defesa agropecuária do Estado” em relação ao assunto.
“É com surpresa e afrontamento aos seus mais de 8 mil associados que a Aprosoja recebeu a informação. Isto porque, independentemente das recentes discussões acerca do calendário do plantio da soja no estado, para esta Associação e seus associados, o período do vazio sanitário da soja de 90 dias, sempre foi sagrado, e considerado medida mais eficaz contra a proliferação da ferrugem asiática nas lavouras de soja no Estado. Neste mesmo sentido é o posicionamento da Embrapa”, afirmou a entidade.
A Aprosoja reclama ainda que “nenhum argumento técnico substancial foi apresentado pela Ampa e pelo Mapa para justificar tal medida” e que também não houve consulta à Embrapa. “Pergunta-se se para esse plantio excepcional de soja, solicitado pela Ampa, o qual invade o período de vazio sanitário já estabelecido pelo estado de Mato Grosso, foi realizada pesquisa científica que o embase? A Embrapa foi consultada? Os riscos de proliferação da ferrugem asiática ante tal medida foram mensurados?”, questionou.
A entidade também argumentou que a soja responde por cerca de R$ 100 bilhões (50%) do valor bruto de produção, ante 12% da produção de algodão. No Estado, a soja é cultivada em 12 milhões de hectares, enquanto que o algodão tem área de 1,2 milhão.
“Desta forma, a medida tomada pelo Ministério coloca em risco a principal cultura agropecuária do Estado. Assim sendo, a Aprosoja vem se manifestar veementemente contra a antecipação do plantio da soja no Estado de Mato Grosso para a data de 1º de setembro de 2023, tendo em vista os riscos e ilegalidades apontados”, diz o documento, assinado pelo presidente da entidade, Fernando Cadore.