A juíza da 7ª Vara Criminal, Selma Rosane Santos Arruda, criticou o cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior, por tê-la acusado de criar uma “estória de cobertura” para possibilitar a interceptação telefônica ilegal do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e do ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva. A “estória cobertura” apontaria Silval e Riva como suspeitos de tramar a morte da juíza Selma e teria tido, inclusive, anuência de um promotor.
Conforme a magistrada, a acusação de criar a trama para grampear os ex-políticos foi “plantada”. “Enquanto não tiver maiores informações nem há o que dizer, exceto que não faz sentido isso. Também não faz sentido ele ter dito isso justamente agora que o inquérito subiu, de última hora (saiu do Tribunal de Justiça para o Superior Tribunal de Justiça). Me parece plantada essa história”, afirmou.
A acusação contra Selma foi feita pelo cabo Gerson durante interrogatório prestado aos delegados Flávio Henrique Stringueta e Ana Cristina Feldner, na última segunda-feira (16), antes da comunicação formal sobre a decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Campbell Marques, que determinou o envio de todos os inquéritos e procedimentos sobre os grampos à corte superior.
Gerson chegou a afirmar, inclusive, que a própria magistrada lhe teria passado as informações sobre o atentado. No entanto, para “poupá-la” de ser indicada como fonte da informação, teria havido a montagem da história.
“Olha, sinceramente não vi nenhum sentido no que ele falou. Já recebi várias ameaças e já informei ao Gaeco, mas não teria motivo pra inventar histórias”, ressaltou Selma.
A magistrada ainda afirmou que gostaria de ter acesso ao depoimento para “entender melhor” as acusações, porém ressaltou que há alguém que pretenderia “lucrar” com tudo isso. Ela, no entanto, não citou o nome de quem poderia estar envolvido no caso.
“Acho que é estratégia para me tirar do caso e também para desmoralizar o juízo e o Gaeco. Também acho que tem alguém por trás disso tudo pretendendo lucrar com isso, mas não vai conseguir. Eu trabalho com a verdade e contra a verdade não há argumento”, disse.