A Corregedoria da Polícia Militar apura a denúncia de que o ex-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, tenha deixado a prisão hoje para fazer compras. Ele teria ido a uma farmácia no bairro CPA 4 em Cuiabá. Lesco está preso desde o último dia 27 por decisão do desembargador do Tribunal de Justiça, Orlando Perri, que determinou a prisão de oito envolvidos no esquema dos grampos, além de 15 mandados de busca e apreensão e uma condução coercitiva, na Operação Esdras.
Conforme a denúncia, Lesco deixou o 3º Batalhão da Polícia Militar onde está preso e se dirigiu a uma farmácia onde teria feito compras e sacado dinheiro no caixa-eletrônico. O coronel foi reconhecido por uma funcionária que foi conduzida para prestar depoimento.
De acordo com um dos responsáveis pelo inquérito do caso dos grampos no âmbito do Tribunal de Justiça, delegado Flávio Stringueta, o caso já esta sendo investigado pela Polícia Civil. “Estamos fazendo o levantamento de filmagens que possa haver no local e ouvindo o depoimento de funcionários. Um deles confirmou e falou que reconheceu ele como tendo estado na farmácia, o que vai ser confirmado nas filmagens”, disse.
Sobre as possibilidades de punição ao coronel Lesco, caso seja confirmado sua saída da prisão, o delegado afirmou que a decisão é de responsabilidade do desembargador Perri, relator do caso na Justiça. “Mas prisão não dá o direito da pessoa se ausentar do local a não ser por autorização judicial ou para algum chamamento do inquérito. Não sei em que circunstância que aconteceu e se ele tinha uma emergência medica”, encerrou.
Conforme decisão recente de Perri, Lesco é acusado de apresentar os militares responsáveis pela realização dos grampos ao coronel Zaqueu Barbosa, incumbido pela criação do Núcleo de Inteligência.
Além disso, o coronel teria dado ordem a um militar para evitar a qualquer custo que o então secretário Siqueira fosse preso por envolvimento no esquema para "não fragilizar o grupo" que teria grampeado ilegalmente centenas de pessoas entre políticos, jornalistas e até membros do judiciário.
Também seria de responsabilidade de Lesco o pagamento de R$ 24 mil a um militar para aquisição do Sistema Sentinela, de gravação, bem como a contribuição, por alguns meses, para o pagamento do aluguel da sala comercial onde o escritório de inteligência funcionava. Inclusive a própria esposa de Lesco teria o questionado o motivo de o pagamento ter sido por meio de cheques, cujas notas fiscais foram emitidas em nome do coronel.
Procurada para se pronunciar sobre os motivos que permitiram o coronel a deixar a prisão, a assessoria de imprensa da Polícia Militar disse que vai enviar nota de esclarecimento.