O afastamento do senador Aécio Neves (MG), determinado nesta terça-feira pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), não deve favorecer uma possível saída do PSDB da base aliada do governo Michel Temer (PMDB). A avaliação é do deputado federal por Mato Grosso Nilson Leitão. Nos bastidores, comenta-se que a saída temporária de Aécio deve fortalecer o grupo tucano capitaneado pelo senador Tasso Jereissati (CE), que defendeu o fim da aliança com Temer, após a primeira denúncia da Procuradoria-Geral da República.
Para Leitão, o PSDB deverá continuar na base do governo. Atualmente, a sigla comanda quatro ministérios: Relações Exteriores (Aloysio Nunes), Cidades (Bruno Araújo), Direitos Humanos (Luislinda Valois) e Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy). “Uma possível saída do partido significaria a falência do governo. É uma questão de gestão. Não seria honesto abandonar o governo neste momento”, destacou o parlamentar, ao Só Notícias.
Além da permanência do partido na base aliada, Leitão defendeu também o próprio presidente Michel Temer. Isso porque a Câmara se prepara para votar a segunda denúncia contra o gestor, desta vez por organização criminosa e obstrução à Justiça. Cabe ao Legislativo decidir se a denúncia seguirá para o STF. “Estamos a um ano da eleição. Tirar o Temer e colocar outro presidente significa instabilidade. Neste exato momento, alguém está chegando com dinheiro para investir no Brasil. Este investidor vai recolher o dinheiro se houve instabilidade. Vai deixar de gerar emprego”, diz Leitão.
Na primeira denúncia contra Temer, o PSDB ficou dividido. Foram 22 votos contra o prosseguimento da denúncia e 21 a favor. A segunda denúncia ainda não tem data para ser votada em plenário. A partir de notificado, Temer terá até dez sessões plenárias para apresentar defesa. Após a entrega das alegações, a Comissão de Cidadania e Justiça (CCJ) terá cinco sessões para se manifestar. Em seguida, o parecer vai para plenário. Para a denúncia seguir para o STF, são necessários dois terços de votos (342 dos 513 deputados).
Conforme Só Notícias já informou, a Primeira Turma do STF decidiu, por 3 votos a 2, afastar o senador Aécio Neves do exercício de seu mandato, medida cautelar pedida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no inquérito em que o tucano foi denunciado por corrupção passiva e obstrução de Justiça, com base nas delações premiadas da empresa J&F.