As ordens de buscas e apreensão cumpridas hoje, pela Polícia Federal, foram autorizadas, na semana passada, no último dia 6, pelo ministro Luiz Fux, do STF, atendendo pedido da Procuradoria Geral da República para 'obtenção de provas em face dos investigados Blairo Borges Maggi, José Aparecido dos Santos (senador Cidinho), Gustavo Adolfo Capilé de Oliveira, Marcelo Avalone, Carlos Avalone Júnior (que é secretário de Desenvolvimento Econômicao no governo estadual), Carlos Eduardo Avalone. Narra o Ministério Público Federal que os requeridos são suspeitos da prática de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, além de sustentar que “ entre 2014 e 2017, Blairo Borges Maggi, valendo-se de interpostas pessoas, a exemplo de Gustavo Adolfo Capilé e José Aparecido dos Santos, vem praticando atos que caracterizam obstrução de investigação criminal no bojo da Operação Ararath, a fim de que não fossem produzidas provas em seu desfavor referentes aos crimes imputados".
Consta no despacho do ministro Fux que, "em novembro de 2013, depois do cumprimento de mandados de busca e apreensão expedidos na 1ª fase da operação Ararath, que teria resultado na “ apreensão de diversos títulos e documentos que implicavam direta e indiretamente Blairo Maggi”, os envolvidos Eder de Moraes Dias e Eumar Novacki (secretário no Ministério da Agricultura) teriam agido, em nome daquele, para “ unificar as linhas de defesa” e, ainda, solicitar ao colaborador Gércio Marcelino Mendonça Junior que “ não mencionasse nada a respeito da pessoa de Blairo Maggi em seus depoimentos, com o objetivo claro de blindá-lo de quaisquer acusações. Tais fatos foram relatados pelo colaborador Gércio Marcelino Mendonça Junior e também por Genir Martelli e Silval Barbosa, tendo resultado na contratação, por todos eles, do advogado indicado por Blairo Maggi, Sebastião Monteiro". Junior Mendonça é acusado de fazer os empréstimos que seriam quitados com recursos públicos.
Ainda no despacho de Fux consta que "o segundo fato narrado pelo Parquet consiste na ação do investigado Blairo Maggi voltada a “comprar” a retratação de Éder Moraes Dias dos termos das declarações prestadas perante o Ministério Público do Estado de Mato Grosso, durante tratativas para firmar acordo de colaboração no âmbito da Operação Ararath, em 2014. Acordou-se o pagamento de R$ 6 milhões, dos quais metade seria paga por Silval Barbosa e a outra metade
por Blairo Maggi. Segundo o Procurador-Geral da República, Sílvio Cesar Correa Araújo (chefe de gabinete do então Governador do Estado Mato Grosso, Silval Barbosa) “ recebeu no seu gabinete o empresário Gustavo Adolfo
Capilé de Oliveira, que se apresentou como o responsável pelo pagamento da parte de Blairo Borges Maggi”. Salientou, ainda, que “ Gustavo Capilé era sempre visto nos eventos e festividades na residência de Blairo Maggi” e visitou Éder de Moraes Dias, por ocasião da prisão deste em Brasília. Consignou, também, que Éder de Moraes Dias recebeu os recursos através do empresário Celson Luiz Duarte Bezerra, com envolvimento, na intermediação do repasse, da empresa Três Irmãos Engenharia, de propriedade dos irmãos Carlos e Marcelo Avalone, que emitiram cheques com valores “oriundos de ‘retornos’ devidos pelos contatos administrativos vinculados à Secretaria de Infraestrutura e Programa de Obras Petrobras” .
No despacho do ministro tamém consta: "Assevera, ainda, o Parquet, que Éder de Moraes Dias, depois dos pagamentos recebidos dos interessados Silval Barbosa e Blairo Maggi, efetivamente veio a se retratar dos depoimentos em que os incriminava. O terceiro e último fato narrado pelo Procurador-Geral da República, em apoio ao pedido de busca e apreensão, reside na atuação, em tese, de Blairo Maggi para oferecimento de vantagem indevida a Silval Barbosa, em seguida à prisão deste no Centro de Custódia da Capital (Cuiabá/MT), no âmbito da Operação Ararath, e das subsequentes tratativas noticiadas de que seria por ele assinado acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal. Sustenta o Parquet que Blairo Maggi teria enviado seu suplente, o Senador José Aparecido dos Santos, como emissário de uma mensagem para Silval Barbosa, no presídio onde estava preso. Cuidar-se-ia de uma promessa de que a Operação Ararath seria anulada perante o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, cumulada com um conselho para “ evitar o caminho trilhado por José Geraldo Riva, que, segundo o Senador, havia confessado crimes, e mesmo assim foi condenado a penas altas. O colaborador Silval Barbosa gravou o diálogo travado com o Senador no presídio e entregou o áudio ao Ministério Público Federal, em mídia juntada aos autos da PET 7085 (Colaboração Premiada). O Procurador- Geral da República sublinha que a fala final do diálogo indica que José Aparecido dos Santos falava em nome do atual Ministro da Agricultura".
Eder Moraes havia prestado depoimento para promotoria afirmando que uma vaga de conselheiro no TCE foi comprada e acusava Blairo Maggi de envolvimento. Na delação, Silval disse que deu R$ 3 milhões e Blairo mais R$ 3 milhões para Eder voltar atrás, prestar novo depoimento e mudar a versão inicial.