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Juíza deve definir este mês 1ª condenação para Silval e acha “muito estranho” ele não confessar enriquecimento ilícito em delação

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A juíza Selma Rosane Santos Arruda, da 7ª Vara Criminal, responsável pela condução de diversas ações criminais envolvendo o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), não concorda com os termos da delação premiada firmados com o Ministério Público Federal, em que está previsto que ele não voltará mais para a cadeia e permanecerá em prisão domiciliar e devolverá cerca de R$ 80 milhões ao erário. “Não é nem justa a dosagem da prisão estabelecida no acordo muito menos o ressarcimento que ele está fazendo. Estima-se que o esquema tenha desviado pelo menos R$ 1 bilhão dos cofres estaduais”, disse em entrevista ao jornal O Globo.

Selam disse que causa estranheza o fato de Silval confessar apenas os crimes de desvio de dinheiro público e cobranças de propinas de empresários ligados ao Estado com o objetivo de pagar dívidas de campanha e não falar em enriquecimento ilícito. “Nos meus processos ele só confessa que pegou dinheiro para pagar dívidas de campanha. Não tem confissão sobre enriquecimento ilícito. É muito estranho. Por isso, não concordo com os termos da colaboração, mas isso nem é da minha conta concordar ou não”, afirmou.

Em relação aos sete processos em que Silval é réu sob sua jurisdição, Selma Arruda disse que em menos de um mês, ou seja, ainda em setembro, já deve sair a primeira sentença, que não será cumprida na cadeia. “Quero que em menos de um mês já haja a primeira sentença. Por causa do acordo de delação, a condenação dele não poderá ser superior a 20 anos de reclusão, dos quais parte será cumprida em prisão domiciliar, parte em regime semiaberto e o restante em regime aberto”.
 

Segundo a juíza, a pena mais branda do que o esperado pela população se deve ao fato da delação e da confissão. Mas salienta que Silval só tomou essa postura diante dos processos após perceber que, se não fizesse isso, poderia voltar para a prisão – ele ficou cerca de 1 ano e meio preso e cumpre prisão domiciliar. “A mudança de postura da defesa, de confessar os crimes em acordo de delação, foi uma estratégia para reduzir a pena por aqui. Eles perceberam que a condenação seria pesada e estava próxima”, explicou Selma.

A magistrada comentou ainda sobre a extensão dos crimes praticados pela organização criminosa da qual Silval Barbosa e secretários de Estado faziam parte. “Nós fazíamos uma ideia do que acontecia, mas jamais pensei que fosse da maneira que se revelou. Tenho a convicção de que o que sabemos é só a ponta de um iceberg por mais que a gente fique escandalizada com esses vídeos”, disse se referindo às imagens em que políticos aparecem recebendo dinheiro do ex-chefe de gabinete Sílvio Cézar Corrêa Araújo, durante a antiga gestão.

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