O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux homologou a delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). O acordo foi fechado entre Silval e a Procuradoria-Geral da República (PGR). Nos depoimentos, o peemedebista revelou fraudes envolvendo autoridades com foro privilegiado, políticos de Mato Grosso e também da esfera nacional. O conteúdo da delação é mantido em sigilo. Mas o ministro havia afirmado, anteriormente, que só ficava atras da operação após a lava jato.
Na semana passada, o ministro Luiz Fux disse que Silval entregou muito material e a delação é extensa. Investigadores confirmaram à TV Globo que o ex-governador entregou vídeos como prova das acusações que fez. E que o acordo assinado não prevê que ele deixe de ser denunciado pelos crimes que delatou.
Silval teria feito acusações ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi (de quem Silval foi vice) os senadores Wellington Fagundes, presidente dio PR no Mato Grosso e que até então era aliado de Silval, e Cidinho Santos (PR), suplente de Blairo. Os dois, de acordo com Silval, teriam se beneficiado de recursos ilícitos. Silval também teria delatado vários deputados estaduais que receberam mensalinho durante seu governo.
O ex-governador também relatou fatos envolvendo pelo menos três deputados federais com mandatos em curso, cujos nomes a reportagem não identificou, além de repasses a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado.
Silval foi preso em setembro de 2015 e é apontado pelo Ministério Público de Mato Grosso como chefe de uma organização criminosa que cobrava propina de empresas privadas em troca de incentivos fiscais durante a gestão dele.
Em junho, a juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, concedeu a prisão domiciliar para o ex-governador e determinou o uso de tornozeleira eletrônica.
A prisão domiciliar foi decretada mediante entrega de R$ 46 milhões em bens. A informação foi confirmada pelo advogado Délio Fortes Lins, que assumiu a defesa de Silval em março deste ano. Segundo o advogado, a conversão da prisão foi dada após ele prestar depoimentos e confessar os crimes que cometeu.
O ex-governador foi preso durante a Operação Sodoma, que investigou a existência de uma suposta organização criminosa que cobrava propina de empresários para manter contratos vigentes com o estado, durante a gestão dele.
De acordo com o Ministério Público Estadual, as fraudes ocorreram entre 2011 e 2014, quando Silval era governador.
Empresários seriam supostamente ameaçados a pagar propina sob ameaça de que poderia perder incentivos por meio do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic).
Em abril, Silval afirmou, em carta aberta, que que iria confessar os crimes que cometeu. Na ocasião, ele afirmou que tomou a decisão de mudar de postura nos processos em que figura como réu após refletir e se orientar com a família dele. "Assumirei minhas responsabilidades perante o Poder Judiciário, confessando fatos pontuais naqueles processos em que eu realmente tenha praticado ilícitos penais", afirmou.
(Atualizada às 23:37h)