O acordo de delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) apontaria que o também ex-governador de Mato Grosso e atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), teria participação em um esquema fraudulento para pagar precatórios estaduais em troca de apoio parlamentar. É o que revela a reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo, esta manhã.
De acordo com relato de Silval, o suposto esquema teria ocorrido ao final da gestão de Maggi como governador (2003-2010). Silval Barbosa firmou um acordo de delação há cerca de dois meses com a Procuradoria-Geral da República (PGR), mas ainda aguarda a homologação por parte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Este já teria dito que a delação é “monstruosa”.
Segundo a Folha, além do ministro, também figuram na delação os senadores Wellington Fagundes (PR) e Cidinho Santos (PR), que atualmente ocupa o cargo de senador, mas é suplente de Maggi. Os dois, segundo Silval, teriam se beneficiado com o suposto esquema.
A reportagem também cita que pelo menos três atuais deputados federais também estariam envolvidos. Os nomes não foram divulgados. Silval teria citado o pagamento de um “mensalinho” para deputados estaduais durante a gestão de Maggi para garantir apoio.
Para provar o que estaria delatando, Silval teria fornecido vídeos de deputados estaduais recebendo dinheiro em espécie.
Wellington e Cidinho disseram não conhecer a delação e não poderiam comentar o assunto.
A assessoria do ministro Blairo Maggi encaminhou nota, ao Só Notícias, expondo que "causa estranheza e indignação que possíveis acordos de colaboração, muitos ainda não homologados, coloquem em dúvida a credibilidade e a imagem de figuras públicas que tenham exercido com retidão, cargos na administração pública. Mesmo assim, diante dos questionamentos, vimos a público prestar os seguintes esclarecimentos". Blairo diz que "nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para obstruir a justiça ou atrapalhar as investigações. Essa afirmação é mentirosa, leviana e criminosa. O rito obedecido no caso dos pagamentos de precatórios à Andrade Gutierrez foi absolutamente legal, com atuação dos órgãos consultivos da estrutura do governo do Estado de Mato Grosso, e de acordo com os procedimentos exigidos. O destino dos recursos já no âmbito da iniciativa privada não é da alçada de um governador de Estado, de modo que desconheço, em absoluto, qualquer relação comercial entre a Andrade Gutierrez e a empresa Piran Participações",
O ministro conclui afirmando que "nunca participei de qualquer reunião com fins espúrios, seja como governador ou em qualquer outra função que já desempenhei nas iniciativas públicas ou privadas. Jamais utilizei de meios ilícitos na relação entre o Poder Executivo e a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso. Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional; Por fim, entendo ser lamentável os ataques a minha reputação, mas estou com a consciência tranquila e assim que tiver acesso ao teor da possível delação usarei de todos os meios legais necessários para me defender, pois definitivamente acredito na Justiça. O momento exige serenidade e responsabilidade".
(Atualizada às 09:52h)