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Ex-chefe de gabinete confirma que sabia de retorno de propina

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Braço direito do ex-governador Silval Barbosa, Silvio Correa, que chegou a ser preso, afirmou à juíza Selma Rosane de Arruda, da Sétima Vara Criminal, assumiu a condição de réu confesso e admitiu que sabia da propina na desapropriação do imóvel onde está o bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, que custou ao Estado o valor de R$ 31,8 milhões, mesmo estando avaliado em R$ 17,8 milhões. Com sua declaração, Silvio desmentiu a declaração prestada por Silval nesta quinta-feira, que tentou de todo modo inocentar o seu ex-chefe de gabinete. O empresário Alan Malouf também foi ouvido e recebeu uma advertência da juíza, que perguntou ao advogado Huendel Rolim se seu cliente estava ciente de que o fato de confessar atenuaria uma possível pena. Mesmo com a resposta positiva do jurista, a magistrada afirmou que ‘não parece que ele está merecendo atenuantes’.

O ex-governador havia dito que Silvio apenas assinou um ofício, sem saber que haveria ‘retorno’. Silvio, no entanto, afirmou que tinha conhecimento do retorno de propina envolvendo a compra do terreno ao custo de R$ 31,8 milhões. Afirma, no entanto, que não sabia qual era o valor do retorno em forma de propina.

Silval confirmou ainda que utilizou R$ 10 milhões desviados na desapropriação para pagar uma dívida que tinha com o empresário Valdir Agostinho Piran, outro réu na ação penal.

O caso é decorrente da 4ª fase da Operação Sodoma, deflagrada em 26 de setembro de 2016, pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e contra a Administração Pública (Defaz), que apurou que o crime teria ocorrido em conluio com o dono da empresa Santoni Empreendimentos Imobiliários Ltda, Antônio Rodrigues Carvalho. Ele teria concordado em devolver aos membros da organização criminosa 50% do valor que recebeu a título de desapropriação do terreno.

Assim como os demais envolvidos, Silvio atribuiu ao ex-secretário da Casa Civil Pedro Nadaf a articulação do esquema. Ele revelou também que não tinha um bom relacionamento com Nadaf, mas mantinham certa cordialidade, ou seja, mantinham um ‘relacionamento institucional’.

Conforme o ex-chefe de gabinete, Nadaf foi o responsável por envolver outros secretários no esquema, referindo-se a Marcel de Cursi (Sefaz) e Arnaldo Alves de Souza (Planejamento). A lista se completa com o procurador aposentado do Estado, Francisco Gomes de Lima Andrade Lima Filho (Chico Lima), Afonso Dalberto (ex-presidente do Intermat), Levi Machado de Oliveira (advogado), João Justino Paes de Barros (funcionário público) e os empresários Alan Malouf e Valdir Agostinho Piran e Antônio Rodrigues Carvalho (antigo proprietário do imóvel).

Silvio foi detido pela primeira vez no âmbito da Operação Ouro de Tolo em que é acusado de compactuar com Roseli Barbosa, ex-primeira-dama , acusada de desviar R$ 8 milhões da Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas).

O ex-chefe de gabinete de Silval também é réu no processo decorrente da primeira fase da Operação Sodoma. Ele é acusado de ter recebido um valor estimado em R$ 25 mil no esquema supostamente liderado por Silval.

A Operação Sodoma 3, em que Silvio Corrêa sofreu a terceira prisão preventiva, foi desencadeada após depoimento prestado por Willians Paulo Mischur, dono da empresa Consignum. Mischur afirmou que foi obrigado a pagar pelo menos R$ 500 mil por mês para garantir a manutenção do seu contrato de incentivos fiscais junto ao governo do estado.

Alan Malouf afirmou que a negociação para o pagamento de R$ 1 milhão relativo à festa de posse de Silval, foi feita por intermédio de Pedro Nadaf. Ressalta, no entanto, que só recebeu R$ 950 mil em dois pacotes com cheques de terceiros. Mais tarde descobriu que havia cheques de propina da desapropriação.

A promotora Ana Bardusco questionou Alan Malouf sobre se ele sabia da origem ilegal do dinheiro. Ele respondeu que na época não sabia, mas que em outro momento passou a suspeitar que a origem fosse ilícita. ‘Passei a suspeitar meses depois ainda no ano de 2014’, detalha.

Malouf confirma que recebeu R$ 1,6 milhão de Nadaf e cerca de R$ 600 mil do ex-secretário de Planejamento, Arnaldo Alves de Souza a título de ‘empréstimo’. ‘O Arnaldo me levou R$ 300 mil em dinheiro e outros R$ 300 mil dele me foram repassados pelo Nadaf, que me disse que o devia. Eu conheço o Arnaldo há muito tempo’, afirma. Alan revela que está vendendo um imóvel e que os valores que receberam de Nadaf e Arnaldo foram empréstimos. ‘Eu não tinha crédito em banco e por isso emprestei o dinheiro dos dois após uma conversa em que disse que estava precisando de crédito’.

Além disso, Malouf afirmou que os empréstimos com Nadaf e Arnaldo não foram quitados. Assinala que efetuou pagamento de juros cinco vezes para Nadaf e nenhuma para Arnaldo. Ele conta que em 2015 Nadaf o procurou para receber o crédito de R$ 1,6 milhão.

‘Na época, eu disse que não tinha como pagar e até ofereci um imóvel a ele, mas não aceitou’, garantiu. Malouf também assume que não declarou os empréstimos no Imposto de Renda e que os juros eram de 1% ao mês. ‘O empréstimo aconteceu numa conversa informal entre amigos. Daí, o Nadaf me falou que o Arnaldo também tinha um valor. Aí, noutro encontro, o Nadaf levou o dinheiro dele e mais R$ 300 mil do Arnaldo. Noutro dia, o próprio Arnaldo me levou R$ 300 mil’.

Ao ser questionado pela juíza sobre uma possível negociação entre ele e Nadaf acerca de um imóvel, Malouf disse que preferia não dar mais detalhes. A juíza então perguntou ao advogado Huendel Rolim se seu cliente estava ciente de que o fato de confessar atenuaria uma possível pena. E advertiu o empresário sobre merecer o benefício.

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