O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) disse que não é problema dele o fato do dinheiro desviado na desapropriação na região do Manso ter sido maior do que ele esperava. Isso porque ele não tinha conhecimento que o ex-procurador do Estado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, também se beneficiaria ilicitamente no esquema, mesmo sabendo que partiu dele a viabilidade do crime, já que era cunhado do ex-proprietário do imóvel, o pecuarista e médico Filinto Corrêa da Costa.
“Eu vejo que está muito próximo se foi isso porque se pagou uma conta nossa de 1,5 milhão; o Pedro [Nadaf] mais o Afonso [Dalberto] mais um milhão: 2,5 milhões. E R$ 150 mil: R$ 2.650 milhões. Pra R$ 3,5 milhões, se o Chico Lima falou que era R$ 3,5 milhões, combinou com o Afonso e ele não pegou nada do Filinto, não é problema porque eu não sei, eu não combinei com o Chico e nem com o Afonso que o Chico ia ter recursos desses aí. Então, se houve acerto, houve entre Chico e Filinto porque são cunhados”, disse o ex-governador.
Em depoimento prestado na ação penal decorrente da operação Seven, na tarde desta quarta-feira (19), Silval também tentou amenizar o fato de que R$ 850 mil do desvio ainda não tiveram seu destino descoberto.
“Até então, eu só tinha conhecimento do retorno de R$ 1,5 milhão. Eu acredito que tudo o que está aí é bem próximo do que está colocado. O valor da área era de R$ 7 milhões”, afirmou. Do total dos R$ 7 milhões, existe uma divergência em relação à parte que foi desviada para os membros da organização criminosa. Enquanto o ex-secretário da Casa Civil Pedro Nadaf afirma que houve R$ 3,5 milhões em “retorno”, o ex-proprietário da área desapropriada, Filinto Corrêa da Costa, disse em Juízo que devolveu R$ 2,5 milhões em duas parcelas iguais de R$ 1,25 milhão.
À juíza Selma Arruda, o ex-governador contou que essa diferença de valores foi tema de uma conversa entre ele e Pedro Nadaf, na época em que estiveram presos no Centro de Custódia da Capital (CCC). “Eu perguntei para o Pedro Nadaf, lá no CCC, se não me engano: o que aconteceu? O Pedro afirmava que o Filinto devolveu R$ 3,5 milhões”.
Apesar das várias versões sobre o valor total do desvio de recurso público, Silval Barbosa tem uma certeza: de que sua dívida foi paga por Pedro Nadaf, conforme ele havia determinado ao ex-secretário. “Ele pagou R$ 1,5 milhão da dívida. Eu acredito que pagou mesmo porque as pessoas que eu devia não reclamaram. Se foi o preço total ou menos, mas foi quitada essa dívida que tinha naquele momento”.
O ex-governador também acredita na versão de Pedro Nadaf em relação às outras destinações dadas aos valores ilícitos. “R$ 500 mil o Pedro afirma que ficou com ele e eu acredito porque ele falou pra mim que ia tirar naquele momento inicial. Não falou quanto era, mas deve ter tirado; R$ 500 mil para o Afonso eu acredito. Até o Afonso é confesso, eu vi pela imprensa. E também tomei conhecimento depois que o Pedro Nadaf pagou R$ 150 mil para o Alan Malouf de uma dívida que o Alan ainda alegava”.