O deputado e ex-presidente estadual do PSB, Fábio Garcia, apontou, esta manhã, que mesmo com a provável saída em bloco dos deputados estaduais do Partido Socialista Brasileiro por causa da decisão nacional de nomear o deputado Valtenir Pereira como presidente, os parlamentares que devem sair do partido vão permanecer na base aliada do governador Pedro Taques (PSDB). Eles também podem continuar apoiando o governo mesmo se permanecerem no PSB. Nesse caso, poderiam sofrer sanções dentro do próprio partido, caso o novo presidente Valtenir Pereira continue fazendo oposição a Taques.
“Mas aí já não é uma questão de legislação, é uma questão interna do partido, de estatuto do partido, onde o presidente do partido dá uma determinação de ser oposição e essa determinação então não é seguida por algum parlamentar. Isso passa por um processo que chega no conselho de ética do partido e o conselho de ética vai analisar qual será a eventual punição de não seguir uma orientação partidária”, esclareceu Garcia.
Com relação ao risco dessa infidelidade partidária por saída do partido, Garcia ponderou que há exceções, em que fica garantida a vaga do deputado mesmo deixando o partido pelo qual se elegeu fora da chamada “janela partidária”. O parlamentar explicou que essa saída pode ocorrer sem prejuízo do cargo caso a pessoa apresente justificativas. “Por exemplo, uma perseguição, um ato contra um deputado, um ato do partido que demonstre que tem razão para aquele parlamentar mudar de partido sem a penalização”, explicou.
Com exceção do deputado estadual Mauro Savi, que se elegeu pelo Partido Republicano (PR), todos os deputados do PSB – Eduardo Botelho, Oscar Bezerra e Professor Adriano – se elegeram pela coligação de Taques. Garcia defende que a coerência dos deputados seja mantida, conforme vem ocorrendo desde a eleição de 2014. ”No caso dos deputados do PSB, a gente precisa lembrar que eles fizeram uma campanha apoiando o projeto de governo do governador Pedro Taques. Então, me soaria muito raro que eles pudessem ser considerados infiéis porque, de uma hora pra outra, o partido mudou radicalmente e mudou de posição. Eles estão seguindo aquilo que é mais importante na democracia, aquilo que eles pactuaram com a população, que era, naquele momento, estar apoiando o governador Pedro Taques”, afirmou.
Questionado sobre as possibilidades partidárias em caso de saída em bloco do PSB, Garcia disse que ainda é cedo para falar disso, mas admitiu que existe uma série de legendas com as quais os membros do PSB têm bom convívio e que poderiam ser alternativas. “Com relação a partido, existe inúmeros convites e, nesse momento, ainda é prematuro pra gente começar a direcionar partido A, B, C ou D. Óbvio que a gente tem bom relacionamento com muitas lideranças de muitos partidos políticos. Nós temos um bom relacionamento com o ministro Blairo Maggi, nós temos bom relacionamento com o senador Jayme [Campos] e com o deputado Dilmar Dal Bosco, do DEM, nós temos um bom relacionamento com o deputado federal Nilson Leitão e com o governador Pedro Taques, do PSDB, nós temos um bom relacionamento com o deputado Ezequiel [Fonseca], do PP, junto com o Blairo Maggi, com o Osvaldo Sobrinho do PTB, com o Júlio Campos…Quer dizer, nós temos um bom relacionamento com muitas pessoas. Obviamente, esse vínculo nos abre portas pra que a gente possa ter um conjunto de partidos que a gente possa estar dialogando como uma possível solução, mas é muito cedo”.
Entre este final de semana até a próxima semana, as lideranças do PSB em Mato Grosso devem se reunir para debater qual o caminho a seguir, já que o retorno de Valtenir não foi bem aceito. Eles ainda pretendem ouvir o próprio Valtenir para saber quais serão as novas diretrizes do partido no Estado, antes de tomar uma decisão definitiva.