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Sorriso: vereadores e prefeitos cogitam bloquear a BR-163 para forçar governo a resolver hospital regional

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Prefeitos de 10 cidades da região se reuniram, esta manhã, na câmara de Sorriso, para discutir saída a grave crise que atravessa o Hospital Regional, que ainda está atendendo casos de urgência e emergência. Mas, diante da possibilidade de ser suspenso fornecimento de gás medicinal (oxigênio), a partir da próxima sexta-feira, e de alimentos, a partir de amanhã, o hospital pode começar a transferir alguns pacientes. Seriam cerca de 15 que estão em UTI e podem ir para outros hospitais regionais.

Lideranças chegaram a defender o bloqueio da BR-163 para pressionar o governo a resolver imediatamente o problema dos débitos de R$ 8 milhões com empresas fornecedoras e profissionais com salários atrasados.

Ainda não houve consenso de fechar a rodovia. Mas, na quinta-feira, haverá manifesto em frente à câmara sorrisense com passeata até o hospital e há possibilidade da rodovia ter tráfego interrompido por meia hora – o que ainda será definido.  Lideranças políticas vão a capital pressionar o governador Pedro Taques e deputados.

A secretária adjunta de Saúde, Ines Leite, disse aos gestores e lideranças que "está sendo feita uma força tarefa, com plano de ação para levar ao secretário Luiz Soares, que assumiu há dois meses, e tem como prioridade resolver problemas financeiros e questão dos medicamentos. Não temos solução mágica. Mas estamos empenhados", afirmou.

A diretora do hospital regional, Ligia Leite disse que a unidade não vai fechar as portas. "Vamos resistir até o último minuto. Estamos pedindo aos médicos que sejam mais criteriosos nas internações e tomamos medidas internas para gastar o mínimo possível. Reduzimos comida para acompanhantes e funcionários, cortamos gastos com energia. Mas precisamos de pagamentos. A dívida protocolada na secretaria é de R$ 8 milhões. Ontem, foi pago um supermercado e a gente consegue adquirir comida para mais uma semana. O gás medicinal (oxigênio) terminará na sexta-feira", afirmou. "Temos uma crise e precisamos nos unir. Agradeço a mobilização dos prefeitos, vereadores e lideranças. Não desistam do hospital". Ela concluiu o discurso, emocionada, colocando seu cargo a disposição.

O presidente da câmara de Sorriso, Fabio Gavasso, propôs, após a secretária adjunta de Saúde discursar, que como o governo não tem solução a curto prazo para quitar as dívidas bloquear a BR-163. "Queria o aval de todos para isso acontecer na quinta-feira, a partir das 15:30h. Vamos organizar esse manifesto. Se não temos uma solução, vamos buscar uma medida na marra", declarou. A proposta de bloqueio na rodovia não teve adesão de vários prefeitos e presidentes de câmaras.

O prefeito de Ipiranga do Norte, Pedro Ferronato, se manifestou contrário ao bloqueio. Ele defendeu o governo do Estado e disse que a crise é herdada da gestão anterior. "É preciso cortar repasses da Assembleia, Tribunal de Justiça, cortar pela metade os repasses das prefeituras para a AMM e destinar esses recursos para a saúde", defendeu. Outro prefeito da região também se posicionou contrário ao bloqueio.

A prefeita de Sinop, Rosana Martinelli propôs que prefeitos vão a Cuiabá pressionar o governador Pedro Taques. "Não adianta só o bloqueio sem estar lá e cobrar a solução", defendeu. Antes, em seu discurso, afirmou que "estamos indignados pela falta de respeito. Queremos olhar diferenciado para a saúde do Estado. É instabilidade o tempo inteiro. Essa situação reflete em todas as nossas cidades. Nós, enquanto consórcio, com 15 prefeitos, nos reunimos várias vezes. Essa conta estamos ajudando o Estado pagar. Estamos sobrecarregados. Sabemos que esse governo priorizou várias ações, como segurança. Estamos passando momento difícil porque as prefeituras também estão tendo queda nos repasses (verbas) e esperamos que nosso governador se sensibilize que o maior patrimônio são as pessoas que aqui vivem", discursou. "Não é momento só de criticar, mas de unir forças para resolver o problema. Não queremos promessas que não possam ser cumpridas. Não podemos ficar contando com dinheiro e não entra. Precisamos de um cronograma que seja cumprido. Sugiro aos prefeitos, enquando consórcio, possam entrar com ação judicial contra o governo para nos resguardar e responsabilizar o Estado", concluiu.

O prefeito de Itanhangá, Edu Pascoski, foi contrário ao bloqueio. "Vamos ir a Cuiabá, acampar na Assembleia, no Palácio Paiaguás, pressionar os deputados e nos ajudar. O Ferronato está certo que cada um tem que abrir mão de uma parte dos repasses e cobrir o rombo na saúde", propôs.

O presidente da câmara de Sinop, Ademir Bortoli (PMDB), foi contrário ao bloqueio da rodovia e defendeu que seja feita mobilização de vereadores e prefeitos, na próxima terça-feira, para cobrar solução emergencial dos pagamentos dos débitos.

O presidente da AMM (Associação Mato-grossense dos Municípios), Neurilan Fraga, fez discurso, no início do encontro, com duras críticas ao governo, apontando que não priorida a saúde, a arrecadação do ICMS e FPM não caíram de forma significativa. "A priodade é estrada, festa na Arena, vai para Estados Unidos. Estamos trabalhando mudanças na Lei Kandir", discursou e logo foi interrompido. Na platéia, um dos participantes gritou para que ele parasse de "papo furado" e "demagogia". O presidente da câmara, Fabio Gavasso, cortou a palavra de Neurilan. "Não era o foco da reunião", criticou, após Neurilan falar de outros temas.

O diretor técnico do hospital regional, Roberto Yashida, disse que hoje "foi repassada uma parte (verba para quitar dívida) com alimentação. Isso daria para 5 dias. Os médicos estão cinco meses sem receber. Não sei se a culpa é da instituição  (que administra o hospital) ou do governo. Basta de mentiras, de informações errôneas", cobrou.

O diretor clínico do hospital, Rodrigo Bezerra, disse, que, a situação é "absurda. Se continuar desta forma é melhor fechar. Nosso corpo clínico está lá, batalhando", apontou, mencionando que é grande a falta de estrutura. Os débitos com fornecedores e médicos (que estão com salários atrasados) girariam em torno de R$ 8 milhões.

Foi anunciado, na reunião, que entidades estão fazendo mobilização para conseguir alimentos, gás e outros suprimentos para ajudar o hospital. A quantidade ainda não foi informada.

O encontro, que foi aberto por um padre, que fez oração para iluminar os gestores a terem "discernimento e sabedoria" em busca de soluções. Presidentes de câmaras e vereadores da região também participam.

Outro lado
Este ano, o governo estadual já pagou cerca de R$ 9 milhões de dívidas relativas ao ano de 2016.  Em nota enviada ao Só Notícias, ontem à noite, a secretaria estadual de Saúde informou que está liberando "R$ 54 mil para o pagamento de um fornecedor de alimentos para o Hospital Regional de Sorriso. Como a secretaria já havia informado anteriormente, a nota fiscal foi emitida em março deste ano, mas a direção do hospital somente enviou a nota para o financeiro da secretaria neste mês de maio. Uma nota fiscal de outro fornecedor de R$ 13,456 mil enviada este mês, também referente a março, está pendente de pagamento porque faltou uma certidão, que já está sendo providenciada pela direção para que o valor seja pago. Em relação à lavanderia, houve um entendimento para que os serviços sejam mantidos, já que até sexta-feira parte do valor pendente será quitado. A secretaria estadual de Saúde também informa que está fazendo um levantamentos dos pagamentos feitos a fornecedores no período de janeiro e fevereiro mediante bloqueio judicial de R$ 3, 1 milhões para que não haja pagamento em duplicidade, já que a quitação dos débitos é feita diretamente pela direção dos hospital".

(Atualizada às 11:11h)

 

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