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Riva confirma desvio de dinheiro e relação da Assembleia com Arcanjo

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O ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (sem partido), confirmou que parte das denúncias apresentadas pelo Ministério Público Estadual são verdadeiras sobre desvios de recursos públicos. A declaração foi dada à juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, esta tarde, em audiência relativa à operação “Arca de Noé”.

Riva entregou a juíza uma relação de pagamentos para uma rádio administrada, na época, por João Arcanjo Ribeiro. O ex-deputado diz que o dinheiro desviado da Assembleia Legislativa favoreceu a muitas pessoas. "Houve pagamento de despesas de campanha, investimento em campanha e enriquecimento ilícito".

Ele disse que reitera todas as informações prestadas no dia 30 de novembro de 2016 quando confirmou a existência de um esquema de desvio de dinheiro público que envolvia as factorings de João Arcanjo. Riva afirmou que a gerência do Banco Real (hoje Santander) tinha pleno conhecimento de que servidores da Assembleia Legislativa contraiam empréstimos financeiros que poderiam somar até R$ 2,9 milhões para pagamento de dividas da Assembleia Legislativa com as factorings de propriedade do bicheiro João Arcanjo Ribeiro.

O ex-deputado contou que foi uma estratégia colocar servidores no esquema e que parte deste dinheiro serviu para pagamento de dívidas de campanha e teve deputado que direcionou o dinheiro para contas pessoais. Ele detalhou a participação dos demais servidores públicos.

Riva disse ter assumido a primeira secretaria da Assembleia Legislativa em 1995 com dívidas de R$ 35 milhões. Deste montante, R$ 25 milhões não contabilizados e R$ 10 milhões oficializados. "Tinha cheque circulando na praça. A Assembleia Legislativa emitia cheques para diversos serviços e sem atender diversos critérios".

Ele contou que em 1995 o orçamento da Assembleia Legislativa correspondia a R$ 36 milhões e 90% deste valor serviria para pagar folha salarial do funcionalismo. Por isso, o pagamento das dívidas se mostrava inviável. Ele revelou que para pagar as dívidas com a factoring do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, as empresas que forneciam produtos a Assembleia Legislativa se comprometiam a emitir notas fiscais com valor a maior para, posteriormente, devolver parte do dinheiro. Riva afirmou que o deputado Gilmar Fabris e o ex-deputado Humberto Bosaipo tinham pleno conhecimento das irregularidades e autorizavam o esquema vigorar para pagar as dívidas de campanha.

A defesa de Bosaipo perguntou se Riva identifica alguma conotação política nas investigações, uma vez que o procurador da República da época dos fatos, Pedro Taques, é o atual governador de Mato Grosso, Riva diz que prefere não avaliar. "Isso não vai contribuir em nada com o processo".

Riva afirmou se lamentar por ter praticado tantos erros nos últimos 20 anos e disse que favoreceu mais a outras pessoas do que a si mesmo. "Tenho responsabilidade pelo meus atos que mais favoreceram terceiros do que a mim mesmo. Eu tenho uma dívida com a minha consciência e comigo mesmo".

Ele disse que o esquema de fraudes na Assembleia Legislativa vigorava desde 1995 e afirma seu objetivo é esclarecer os fatos.

Mais informações em instantes

(Atualizada às 16h40)

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