No despacho em que decretou a prisão preventiva de cinco pessoas, por conta da 5ª fase da Operação Sodoma, a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda, revelou a existência de uma investigação de um “esquema de superfaturamento e contratação de empresa” no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Entre os investigados, estaria o ex-presidente do órgão, Giancarlo Castrillon. A investigação deste caso corre sob sigilo e é realizada pelo Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco), indício de que entre os investigados há pessoas com prerrogativa de foro por função.
Castrillon não está em nenhuma das fases da operação Sodoma. Seu nome foi citado porque o ex-secretário adjunto da Secretaria de Estado de Transportes e Pavimentação Urbana, Valdisio Juliano Viriato, administrava, em Santa Catarina, uma empresa que está em nome do ex-presidente do Detran, a BVPX Camboriú. Viriato foi preso nesta terça-feira (14), em Balneário Camboriú (SC) e transferido para Cuiabá, permanecendo preso no Centro de Custódia da Capital (CCC).
Para Selma, uma vez que Castrillon continua morando em Mato Grosso, a mais de 2 mil quilômetros de distância da cidade do litoral catarinense, há a suspeita de que Viriato seja o real dono da empresa. “Giancarlo também é investigado pela provável participação em um esquema de superfaturamento e contratação de empresa quando presidiu o Detran deste Estado. Daí, não é difícil concluir que a parceria de Viriato e Giancarlo Castrillon tenha como escopo a finalidade de lavagem dos proventos obtidos com atividade ilícita da organiza- ção criminosa”, afirma a juíza no despacho.
Castrillon deixou o comando do Detran em novembro de 2013, após ser um dos alvos da operação Ararath. Ao deixar o órgão, ele jurou inocência e defendeu a realização de auditorias para que não restem dúvidas em relação a gestão dele.
Outro ponto que levou Selma a decretar a prisão do ex-secretário adjunto é a informação trazida pelo Ministério Público de que a equipe de inteligência da Polícia Civil constatou que ele mantém em Balneário Camboriú um alto padrão de vida, “bastante incompatível com o salário que recebia na condição de secretário adjunto em Mato Grosso, o que aumenta, ainda mais, a suspeita que esteja manipulando recursos obtidos de forma ilegal neste Estado”. A juíza aponta que não é difícil concluir que todos os indícios apresentados pelas investigações de que ele esteja em lugar distante para dissimular o alto padrão de vida obtido por meio de dinheiro ilícito.